As possibilidades de novas e melhores opções de prevenção do HIV foram apresentadas na recente Conferência da HIV Research for Prevention (HIVR4P), embora também tenha sido levantado entre os participantes que muitas ferramentas ainda precisam de vários anos para ficarem prontas para implementação. A conferência bienal do HIVR4P foi realizada em Madri, Espanha, de 21 a 25 de outubro.A importância da profilaxia pré-exposição (PrEP), incluindo a PrEP emitida por anel vaginal, a PrEP de longa duração, e a PrEP injetável, figurou em muitas apresentações. A PrEP de anel vaginal oferece melhores opções de prevenção controlada pela mulher, que pode se proteger sem depender do parceiro, enquanto a PrEP injetável significaria que a ingestão diária de comprimidos e o risco de esquecer o remédio seriam coisa do passado. Entretanto, tanto a PrEP de anel vaginal quanto a PrEP de longa duração ainda estão longe de estar disponíveis. Atualmente, o anel vaginal está sendo analisado para aprovação regulatória pela Agência Europeia de Medicamentos, e as pesquisas sobre a PrEP de longa duração não devem apresentar resultados até 2021 ou mais tarde.
Se anticorpos e moléculas projetadas que os mimetizem puderem prevenir a infecção pelo HIV, o caminho para injeções semestrais de prevenção ou tratamento poderia ser acessível, junto da possibilidade de uma vacina que fizesse as pessoas desenvolverem seus próprios anticorpos similares. Os participantes também debateram que muito progresso havia sido feito na descoberta e desenvolvimento de tais anticorpos. A primeira prova de testes de princípios mostrando sua eficácia irá publicar seus resultados em 2020.
“A ciência nos proporcionou avanços extraordinários em tecnologias para o diagnóstico, tratamento e monitoramento da infecção pelo HIV. Agora existe uma empolgação real de que, nos próximos anos, ela também nos direcione a ferramentas efetivas e acessíveis de prevenção, ” disse Peter Godfrey-Faussett, consultor científico do UNAIDS.
Os participantes ouviram que há altos níveis de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre as populações mais vulneráveis ao HIV e que, como sabemos há décadas, as ISTs levam ao aumento das infecções por HIV. As taxas de incidência das principais ISTs bacterianas tratáveis vêm aumentando regularmente e estão presentes em níveis alarmantes entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens e a juventude na África Oriental e Austral, em parte devido à diminuição do uso de preservativos. As altas taxas das principais ISTs tratáveis tornaram-se particularmente evidentes com o advento do aumento da triagem acompanhada da implantação da PrEP.
Muitas ISTs não apresentam sintomas e só podem ser diagnosticadas com testes diagnósticos modernos—que são simples, mas ainda muito caros para os países que mais precisam deles. Juntamente com a geografia e faixa etária, as ISTs estão entre os indicadores mais fortes de risco de HIV. Uma abordagem integrada de prevenção de IST e HIV poderia oferecer PrEP para pessoas que são HIV-negativas, mas que têm uma IST e vivem em uma área onde o HIV é prevalente.
Novas tecnologias de prevenção serão relativamente custosas e, portanto, precisarão ser focadas em populações sob maior risco, a fim de serem acessíveis e rentáveis. A modelagem matemática mostra que estas novas tecnologias de prevenção do HIV podem ter apenas um impacto limitado sobre novas infecções pelo HIV na África Oriental e Austral. Por exemplo, a modelagem do impacto do anel da dapivirina—um anel vaginal com liberação lenta de um medicamento antirretroviral que protege contra a infecção pelo HIV—mostra que apenas 1,5 a 2,5% das infecções pelo HIV seriam evitadas nos próximos 18 anos no Quênia, Uganda, Zimbábue e África do Sul. Com o custo de evitar uma única infecção pelo HIV por meio do uso do anel de dapivirina figurando entre US$ 10.000 e US$ 100.000, muitos dos participantes argumentaram em prol da integração e combinação do tratamento à prevenção do HIV, e às respostas ao HIV e outras doenças, para efeito máximo.