Em 23 de julho, a Coalizão Global para Prevenção do HIV reuniu líderes da área de prevenção do HIV em Amsterdã, na Holanda, para discutir a urgência em ampliar os serviços de prevenção do HIV. Eles compartilharam os progressos realizados e analisaram os desafios, incluindo as barreiras políticas e o financiamento inadequado para a prevenção.
Os oradores destacaram o progresso inicial alcançado desde o lançamento da Coalizão Global para Prevenção do HIV em outubro de 2017. Coalizões nacionais de prevenção com diferentes setores e organizações da sociedade civil foram estabelecidas para uma melhor coordenação das respostas. Metas ambiciosas do programa de prevenção foram estabelecidas em muitos países e as estratégias recém-lançadas para o HIV concentram-se na prevenção.
Entretanto, as capacidades limitadas dos programas nacionais e um declínio constante no financiamento da prevenção puseram em risco o fim da AIDS. Políticas sobre a idade de consentimento em quase metade dos países da Coalizão continuam sendo as principais barreiras ao acesso dos adolescentes ao serviços de prevenção ao HIV e de saúde sexual e reprodutiva. Muitos países carecem de dados suficientes sobre populações-chave e, portanto, alcançam poucos deles. O estigma e a discriminação impedem ainda mais o acesso das populações-chave aos serviços.
Os chefes do Fundo Global de Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária (Fundo Global) e do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para Alívio da AIDS (PEPFAR) frisaram a necessidade de investimentos adequados e centrados nas pessoas com as maior necessidade de prevenção do HIV.
Alvaro Bermejo, diretor-geral da Federação de Paternidade Planejada da América (Planned Parenthood), fez um apelo emocionado aos doadores e programas para que não esqueçam os preservativos. Todos os jovens e membros de populações-chave precisam de acesso fácil, disse ele, razão pela qual a atual lacuna na programação de preservativos deve ser encerrada.
Para que os esforços de prevenção sejam sustentáveis, a sociedade civil deve estar significativamente engajada em Coalizões nacionais e sua experiência e vantagem comparativa na implementação deve ser usada e vinculada a um financiamento adequado.
Tendo em vista esses desafios e uma agenda de prevenção ambiciosa a ser implementada em apenas dois anos e meio, é necessária uma ação rápida. A chamada feita pelos líderes da área de prevenção foi um passo evidente na direção certa.
Os participantes do evento incluíram o Ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi, representantes da sociedade civil e os chefes do PEPFAR e do Fundo Global. Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS, e Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas, convocaram o painel de alto nível.
CITAÇÕES
“A coalizão para prevenção que lançamos junto com o Fundo de População das Nações Unidas tem sido capaz de criar um impulso. Estamos vendo a prevenção voltar às agendas nacionais, com apelos surpreendentes das bases. O que precisamos agora é de ação concreta para ampliar programas.”
MICHEL SIDIBÉ DIRETOR EXECUTIVO, UNAIDS
“O rosto da vulnerabilidade está em meninas adolescentes e populações-chave. Nós realmente precisamos pensar sobre a era do desenvolvimento sustentável e o que significa viver com plena dignidade. A prevenção implica o acesso à informação, implica em serviços respeitosos em tempo hábil e na compreensão de que estamos em um momento de crise.”
NATALIA KANEM DIRETORA EXECUTIVA, FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
“Um elemento essencial é a questão da prestação de contas pela prevenção do HIV e quem é o garantidor do cumprimento do dever, quem deve ser responsabilizado. O Roteiro de Prevenção do HIV articulou muito claramente a necessidade de prestação de contas clara e se sustenta no dever de suportar a resposta multisetorial. A prestação de contas na programação de prevenção do HIV é essencial para medir o desempenho em relação às metas nacionais e subnacionais de prevenção.”
NDUKU KILONZO DIRETORA EXECUTIVA, CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE AIDS, QUÊNIA
“Precisamos alocar efetivamente os recursos para prevenção das populações-chave. É impossível deter a AIDS sem deter o estigma, a discriminação e a criminalização do uso de drogas e das populações-chave.”
ANDRIYE KLEPIKOV DIRETOR EXECUTIVO, ALIANÇA INTERNACIONAL DE HIV / AIDS, UCRÂNIA
“Há uma crise de preservativos intrínseca à crise de prevenção. Nós sabemos como entregar preservativos. São outras coisas que estão impedindo o acesso aos preservativos onde os jovens estão, não permitindo que menores de 18 anos tenham acesso a preservativos nas clínicas, os afastando das escolas, processando mulheres por transportarem preservativos. É isso que precisamos discutir.
ALVARO BERMEJO DIRETOR-GERAL, FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE PLANEJAMENTO FAMILIAR (PLANNED PARENTHOOD)