A Aliança Nacional LGBTI e a Rede GayLatino lançam oficialmente esta semana o Manual de Comunicação LGBTI+. Esta segunda edição da publicação, que conta com o apoio do UNAIDS e diversas organizações parceiras da causa LGBTI+, busca atualizar o debate sobre os direitos dessa população ao evidenciar a importância da adoção de novos conceitos e terminologias como ferramenta prática indispensável aos meios de comunicação, incluindo jornalistas e estudantes da área.
A publicação “tem por objetivo contribuir para diminuir preconceitos e estigmas e colaborar para o melhor entendimento de termos que são recorrentes entre a população LGBTI+, mas que podem não ser usuais no dia a dia de profissionais e estudantes da Comunicação”, diz o comunicado de imprensa distribuído pela Aliança Nacional LGBTI e pela Rede GayLatino. “O documento visa contribuir para um jornalismo inclusivo.”
Em Brasília, o lançamento do manual aconteceu no Senado Federal, durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, na véspera do Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTIfobia (conhecida pela sigla em inglês IDAHOT), celebrado mundialmente todo 17 de maio.
“Iniciativas como esta que estamos lançando tem como papel lembrar que vivemos em uma democracia, mas que infelizmente ela ainda não é integral para todos”, disse Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil, durante a audiência. “Nós ainda temos 18% de infecção por HIV em jovens gays, mais de 30% de infecções em mulheres trans, o que quer dizer que ainda não atingimos todas as pessoas como deveríamos. As palavras têm um peso e significado, e acabar com as desigualdades começa pelo respeito às pessoas desde o seu nome até os seus direitos.”
Além da capital federal, o Manual de Comunicação LGBTI+ também será lançado em Curitiba, (21/5), no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, em São Paulo (22/5), no Novotel São Paulo Jaraguá, e em Maceió (25/5), na Assembleia Legislativa de Alagoas.
A primeira parte do Manual traz definições e conceitos acerca das pessoas LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e outras identidades de gênero e sexualidade não contempladas na atual sigla adotada, representadas pelo “+”). Em seguida, o Manual traz alguns dos principais pontos históricos envolvendo a população LGBTI+, inclusive os avanços mais recentes em termos de reconhecimento dos direitos desta população no Brasil e no mundo, bem como considerações sobre as lacunas ainda existentes para que alcance a cidadania plena. A publicação também informa sobre termos a serem evitados e terminologia adequada no trato de questões relevantes como HIV e AIDS, estigma e discriminação.
“Esse manual reflete a diversidade da nossa sociedade, e pretende ser um manual prático para ajudar no cotidiano de qualquer pessoa que queira compreender mais sobre a temática LGBT”, explica Simón Cazal, Secretário Geral da Rede Regional GayLatino. “Nossa ideia é contribuir para eliminar a linguagem que alimenta a discriminação.”
Este manual é resultado de um trabalho conjunto. Através de uma consulta pública com duração de dois meses, foram aproximadamente 300 sugestões e colaborações de especialistas, militantes, ativistas, associados das organizações envolvidas, autoridades públicas, professores, estudantes e profissionais da Comunicação. Além disso, esta obra é inspirada em manuais de comunicação LGBTI+ de organizações como a SOMOSGAY (Paraguai), a Colômbia Diversa (Colômbia), a GLAAD (Estados Unidos) e a ABGLT (Brasil).
Diversas parcerias foram importantes para a organização e divulgação deste material, entre elas, com a organização paraguaia SOMOSGAY em colaboração com o Fundo Robert Carr, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindiJor-PR), o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Paraná, a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, a Associação da Parada do Orgulho GLBT do São Paulo, o Grupo Arco-Íris do Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) e a Comissão Especial de Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em especial, este manual conta com a parceria do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), sendo prefaciado pela Diretora do UNAIDS no Brasil, Dra. Georgiana Braga-Orillard.
“Queria agradecer o apoio do UNAIDS no Brasil no lançamento desta publicação. Infelizmente o número de casos de HIV ainda aumenta entre a nossa comunidade, principalmente entre jovens”, lembrou Toni Reis, Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI. Na ocasião, reiterando sobre a importância do Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTIfobia, Reis também respondeu à pergunta feita por um internauta durante a transmissão da audiência pela internet: “nós precisamos destas datas, pois ainda temos problemas, queremos visibilidade e não vamos voltar para o armário.”
Presidida pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), a audiência pública contou com a participação de Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil; Toni Reis, Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI; Atanásio Darcy Júnior, membro do Grupo de Identidade de Gênero e Cidadania e representante da Defensoria Pública da União; Bruno Crepaldi, representante do Banco Itaú Unibanco; Simón Cazal, Secretário Geral da Rede Regional GayLatino; Ananda Puchta, Coordenadora de Organismos Internacionais em Direitos Humanos do Grupo Dignidade e membro da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-Paraná; e Irina Bacci, Representante do Coletivo de Feministas Lésbicas de São Paulo.
Eventuais sugestões de melhoria, inclusão ou exclusão de texto, bem como críticas, podem ser encaminhadas para o e-mail [email protected] para análise pelo Grupo de Trabalho e incorporação nas próximas edições.