Com o objetivo de colocar em prática a Agenda para Zero Discriminação nos Serviços de Saúde como parte da resposta à epidemia de HIV no país, o Grupo de Trabalho Intersetorial Municipal (GTI-M) de Cachoeirinha (RS), organizou nesta quinta-feira (15/3), o 1º Seminário de Promoção da Equidade: Zero Discriminação e uma aula inaugural para alunos da saúde da Faculdade CESUCA. O evento contou com a participação de aproximadamente 400 pessoas, entre eles profissionais e estudantes da área da saúde.
O Assessor para Mobilização Social e Trabalho em Rede do UNAIDS no Brasil, Cleiton Euzébio de Lima, foi um dos palestrantes do encontro e mostrou os principais pontos da Agenda Zero Discriminação proposta pelo UNAIDS aos países e, principalmente, aos municípios signatários da Declaração de Paris—compromisso assumido por centenas de cidades ao redor do mundo pela Aceleração da Resposta ao HIV e o cumprimento das metas 90-90-90. Além disso, ele falou sobre o contexto epidemiológico mundial e sobre como o Brasil tem se saído na resposta à epidemia de AIDS.
“Nós avançamos muito quando o assunto é prevenção e tratamento, mas ainda temos muito para avançar no que diz respeito à discriminação”, disse Lima. “Os serviços de saúde precisam ser espaços livres de preconceitos e acolhedores, sem distinção de gênero, raça cor, sexo e tantas outras características que ainda servem de pretexto para que muitas pessoas sejam deixadas de fora desses serviços.”
A ideia de elaborar um seminário sobre o tema da Zero Discriminação na saúde surgiu em decorrência deste contexto de aumento da incidência de HIV, principalmente entre jovens e populações mais vulneráveis, da persistência do estigma e da discriminação nos serviços de saúde, e da ausência de registros sobre população LGBTI+ e negra no município.
“Os profissionais de saúde precisam desmistificar muitos assuntos e atender bem a população, independentemente de como se identifique ou de quem seja”, explica a psicóloga do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Cachoeirinha, e uma das organizadoras do evento, Cristina Tosi. Ela também destaca que era possível perceber o quanto a discriminação fazia com que as pessoas não se tratassem e não procurassem atendimento. “É importante sempre manter o respeito.”
Entre os desdobramentos deste primeiro seminário sobre a Agenda para Zero Discriminação nos Serviços de Saúde no município está a organização de outras três rodas de conversa para dialogar sobre saúde, educação e cultura. Antes da realização do seminário, uma primeira roda de conversa sobre trabalho já havia acontecido em 2017.
O município de Cachoeirinha, que fica cerca de 20 quilômetros da capital Porto Alegre, também tem o objetivo de tentar melhorar a coleta de dados e informações sobre as populações negra e LGBTI+ na região, que são subnotificadas nas estatísticas relacionadas ao HIV. “Nós temos um trabalho longo pela frente”, destaca Gisele Tertuliano, enfermeira da Vigilância Epidemiológica do município.
Você pode saber mais sobre a Agenda para Zero Discriminação nos Serviços de Saúde clicando aqui.