Incidência política e participação proativa no controle social da saúde pública no Distrito Federal, com foco em questões relacionadas ao HIV e à AIDS. Este é o tema do Curso de Orçamento Público em Saúde, Advocacy e Negociação para Jovens Lideranças no Distrito Federal, promovido pelo UNAIDS Brasil em Brasília. A primeira sessão (30-31 de janeiro) reuniu 26 jovens—especialmente de populações-chave e prioritárias, como pessoas vivendo com HIV/AIDS, gays e outros homens que fazem sexo com homens, travestis, transexuais e população negra. A seleção foi feita por meio de chamada pública.
O curso será realizado em quatro sessões presenciais, divididas entre janeiro e abril de 2018, intercaladas pela realização de atividades em campo e de estudos dirigidos, todas assistidas presencialmente e à distância pelo facilitador do curso, Iradj Eghrari, e pelo UNAIDS Brasil. O objetivo do curso é oferecer instrumentos aos jovens —como conhecimentos técnicos e práticos—para que estejam familiarizados com questões relacionadas ao processo de construção e aprovação de orçamentos públicos de saúde para o HIV e AIDS no Brasil, desenvolvendo também suas habilidades em advocacy efetivo, negociação e ação política em rede.
“Fazer incidência política e advocacy é algo que necessita de técnica, de metodologia, de know-how. Muitas vezes a gente acha que é capaz de chegar, falar com um deputado, ou com um gestor público, apresentar uma demanda e será mais que o suficiente. Isto não é verdade. É preciso saber como fazer”, explica Iradj Eghrari, facilitador do curso. “É fundamental que jovens conversem com jovens. Eles devem realmente ocupar os espaços das gerações anteriores. Fico feliz ao ver o curso que o UNAIDS está promovendo, com a participação de jovens, dialogando, trazendo ideias, realmente tomando as rédeas do processo.”
Em sua fala de abertura no primeiro dia de curso (30/1), a Diretora do UNAIDS Brasil, Georgiana Braga-Orillard, agradeceu a todos pela realização conjunta deste projeto-piloto e ressaltou a importância de fornecer os mecanismos para a realização do advocacy efetivo sobre questões relacionadas a políticas públicas de juventude e HIV/AIDS no Distrito Federal.
“Desde 2013, temos nos dedicado à agenda jovem, especialmente à formação e inclusão de jovens lideranças de populações-chave e populações vulneráveis ao HIV, para que possam ocupar esses espaços de incidência política no Sistema Único de Saúde (SUS)”, destaca Georgiana. “Este curso faz parte dessas iniciativas e esperamos que seja o primeiro de muitos a mobilizar e engajar a juventude para que exerçam esse papel fundamental para a Aceleração da Resposta ao HIV.”
Segundo Felipe Paixão (25 anos), amapaense que reside no DF e um dos participantes do curso, o jovem é pouco utilizado na resposta ao HIV, e, por isso, vê a importância em participar deste tipo de formação. “Esta é uma forma de estarmos inseridos dentro do processo”, diz ele. Grazielle Mendes (29 anos), por sua vez, destaca o papel do jovem como agente fundamental na resposta ao HIV no Brasil: “Se não incluir o jovem nas campanhas, na promoção e no combate ao HIV e às outras ISTs, nada tem resultado”, afirma.