“A resposta brasileira ao HIV e às hepatites virais só é possível em conjunto com a sociedade civil, instituições da área de saúde, pesquisadores, organismos internacionais e poder público.” A afirmação foi feita pela Diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken, na solenidade de abertura do 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais (HepAids 2017), na última terça-feira (26/09), no Teatro Positivo de Curitiba.
Em seu discurso, o Diretor para América Latina e o Caribe do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), César Nuñez, destacou a importância de alcançar os jovens na resposta à epidemia de AIDS. “O tema deste Congresso: prevenção combinada, é essencial. Precisamos reconhecer que estamos falhando em relação à prevenção com várias populações e é vital rever esse fato”, disse Nuñez. “Precisamos ser capazes de falar a linguagem do jovem de hoje, capazes de engajar os homens, capazes de quebrar tabus. Apesar de estar presente de forma mais contundente em algumas populações-chave, o HIV é uma questão de todos.” (leia o discurso da íntegra aqui)
Também estiveram presentes na mesa de abertura do encontro o Secretário de Vigilância em Saúde, Adeilson Loureiro Cavalcante; o presidente da Frente Parlamentar Mista de Combate às Hepatites Virais, Deputado federal Marcos Reátegui (PSD-AP); a Diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard; o Diretor-Geral da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Sezifredo Paz; a Secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak; a Representante do Conselho Nacional de Saúde, Heliana Hemetério; a Representante do movimento social de HIV/AIDS, João Maria de Castro; e a Representante do movimento social de hepatites virais, Sandra Dolores de Paulo Lima. “Quando trabalhamos juntos, mesmo quando temos diferenças de pontos de vista, somos mais fortes e asseguramos a sustentabilidade da resposta brasileira – e não há razão, portanto, para medo de retrocessos”, assegurou Dra. Adele.
Núñez também destacou a necessidade de debater direitos humanos para que a resposta ao HIV seja realmente efetiva. “Não podemos falar de prevenção, tratamento e nem de fim da AIDS sem direitos humanos. Não podemos alcançar as metas com o retorno de discussão sobre a cura gay, com projetos de lei que criminalizem a transmissão do HIV ou com qualquer outra forma de discriminação”, disse o Diretor Regional do UNAIDS para a América Latina e o Caribe.
Também em seu discurso, o Diretor Regional do UNAIDS parabenizou Curitiba por ter assinado, em 2014, a Declaração de Paris, comprometendo-se em acelerar os esforços locais para alcançar o fim da epidemia de AIDS até 2030. A secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, enfatizou a atenção às pessoas com HIV e hepatites virais. “Estamos falando de cuidar, e não somente da cura: precisamos melhorar o cuidado aos pacientes”, disse. A secretária lembrou o Programa Mãe Curitibana, que, ao implantar a testagem de HIV para gestantes, reduziu a zero o índice de transmissão vertical na capital paranaense. “É importante também deixar registrado o valor do movimento de jovens—que se articulam, se mobilizam e potencializam a resposta brasileira, com muito a nos ensinar sobre como fazer prevenção a partir de suas próprias experiências e seu ciclo de vida”, disse Adele. “Os que são e os que já foram jovens sabem o quanto este período da vida é importante para a consolidação de valores e para fazer ecoar as vozes na construção de um mundo melhor para todos nós.
De forma pacífica, ativistas do movimento LGBTI+ e de AIDS ocuparam o palco do Teatro ao final da cerimônia, segurando cartazes e faixas que pediam mais empenho do poder público na garantia dos direitos humanos e das pessoas vivendo com HIV. Entre os pedidos estavam a manutenção da política de financiamento para AIDS, o fim do estigma e da discriminação e menos patentes.
Os ativistas encerraram o protesto com a leitura do manifesto AIDS no Brasil: o que não quer calar. “Precisamos de medidas urgentes para que tenhamos um sério debate nacional sobre os acertos e falhas da resposta à AIDS. Também é urgente reafirmar conquistas e princípios que sustentam social e ideologicamente nosso direito constitucional à saúde”, diz o documento. “Convocamos aos gestores, pesquisadores, profissionais de saúde, estudantes, jornalistas e todos os demais setores da sociedade a juntar suas vozes ao movimento social numa avaliação profunda, honesta e transparente sobre como priorizar o que a resposta à Aids no Brasil tem de melhor e sobre como eliminar de vez aquilo que nos prende a um passado de pânico moral, exclusão social, sofrimento e morte civil.”
A cerimônia de abertura contou também com um show do músico Zé Rodrigo, a uma homenagem do DIAHV aos ativistas e à premiação do trabalho vencedor do 1º Concurso Cultural para Seleção da Nova Arte para Embalagem da Camisinha Masculina, realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
Organizado pelo DIAHV, o Congresso HepAIDS 2017 traz como tema central a Prevenção combinada: multiplicando escolhas. Cerca de 4 mil participantes participam do encontro em Curitiba, entre ativistas, cientistas, gestores e profissionais de saúde de todo o Brasil, além de especialistas internacionais. O HepAids 2017 se encerra na próxima sexta-feira (29/09).
(Com informações da ASCOM do DIAHV)
Foto de capa: DIAHV/SVS/Ministério da Saúde