Conheça Tom, Dick e Harry. A mais nova campanha da ACON—uma organização de promoção da saúde baseada em Sydney—selecionou homens diferentes que fazem sexo, mas que optam por maneiras distintas de se proteger. A maior organização social australiana de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e interssexuais (LGBTI+) pretende, com a campanha, permanecer em sintonia com sua comunidade, redefinindo a prevenção ao HIV.
“Todos nós temos noção do que o sexo seguro significa, mas queríamos refletir o comportamento real entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens”, disse o Diretor da ACON, Nicolas Parkhill.
Sexo mais seguro, atualmente, significa preservativos, profilaxia pré-exposição (PrEP) e uma carga viral indetectável, ou uma mistura dessas três coisas, segundo ele.
Tom, Dick e Harry: maneiras diferentes de se previnir
“O desafio da ACON foi passar de uma imagem comprovada e real de incentivo do uso de preservativos para uma mensagem de prevenção combinada, muito mais complexa”, disse Parkhill.
A campanha também enfatiza a importância de respeitar a escolha do parceiro. “Não se deve apontar o dedo para as pessoas que ainda usam camisinhas”, disse Parkhill. Além disso, ele diz, a mensagem de prevenção combinada conversa tanto com pessoas que são HIV-negativas quanto com pessoas que vivem com HIV.
No vídeo da campanha, três homens explicam como eles praticam sexo mais seguro. Um deles “faz o tempo todo” e opta por preservativos, enquanto outro diz que “faz diariamente”, tomando medicamentos antirretrovirais e permanecendo com uma carga viral indetectável. Um terceiro também “faz todos os dias”, mas medicando-se com uma dose diária de PrEP.
Importância da comunidade no combate ao HIV
Esses cenários são baseados em histórias reais de homens da comunidade LGBTI+, que ficaram representadas nas histórias de Tom, Dick e Harry. A campanha #YouChoose (#VocêEscolhe) inclui cartazes, outdoors, vídeos, eventos e materiais para distribuição em clínicas de saúde.
Há mais de 30 anos, o objetivo do ACON é acabar com a transmissão do HIV entre gays e outros homens que fazem sexo com homens, promovendo, assim, a saúde de pessoas LGBTI e de pessoas vivendo com HIV. A organização é financiada principalmente pelo Governo de Nova Gales do Sul—cuja capital é Sidney—e trabalha em estreita colaboração com autoridades locais de saúde.
“O governo valoriza a voz da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais para ajudar a definir como deve ser a resposta ao HIV”, disse Parkhill.
“As comunidades precisam estar no centro das iniciativas para o sucesso na prevenção do HIV, e a ACON, na Austrália, está colocando as populações-chave exatamente no centro dessa atenção”, disse Diretor Executivo Adjunto do UNAIDS, Luiz Loures.
Ao engajar a comunidade, a campanha vai além de cartazes em paradas de ônibus, afirma Parkhill. “Estamos construindo um movimento para homens gays, mas também para a comunidade mais ampla de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e interessexuais, que acreditam que podemos deixar o HIV para trás, pois temos a ciência e a tecnologia necessárias para fazê-lo.”
As organizações comunitárias buscam apoio do UNAIDS para liderança e direçionamento. As metas 90-90-90 deram à ACON os recursos políticos necessários, na Austrália, para envolver com os membros do parlamento na reformulação e no reforço de diretrizes para testes, tratamento, cuidados e apoio ao HIV. Isso lhes proporcionou as evidências e as informações necessárias para as bases de sua campanha para acabar com a epidemia de AIDS.