O UNAIDS e o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Combate à AIDS (PEPFAR) anunciaram hoje que, desde 2009, houve um declínio de 60% nas novas infecções pelo HIV entre as crianças nos 21 países da África subsaariana mais afetados pela epidemia.
As novas infecções cairam de 270 mil [230 000-330 000] em 2009 para 110 mil [78 000-150 000] em 2015. Igualmente impressionantes são os ganhos para fechar a lacuna do tratamento de crianças. Em 2005, menos de uma em cada 10 crianças tiveram acesso ao tratamento antirretroviral – essa lacuna foi agora reduzida para uma em cada duas. Nos últimos cinco anos, o acesso ao tratamento para crianças dobrou. O impacto fica evidente na redução de 44% das mortes relacionadas ao HIV entre as crianças.
“Estes resultados surpreendentes mostram que o mundo está avançando na resposta para eliminar novas infecções por HIV entre as crianças e garantir que suas mães estejam vivas e saudáveis”, disse o Diretor Executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “É bonito saber que a poderemos em breve ter uma nova geração livre do HIV.”
Os resultados foram publicados em um novo relatório, On the Fast-Track to an AIDS-free generation (Acelerando a Resposta para uma geração livre da AIDS, na tradução livre para o português), lançado em evento organizado pelo UNAIDS e o PEPFAR no mesmo dia da abertura da Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas Sobre o Fim da AIDS.
“Isso mostra o que é possível fazer por meio da combinação entre a ciência, comunidades e ações focadas”, disse Deborah Birx, Coordenadora Global dos Estados Unidos para a AIDS e Representante Especial da Diplomacia para Saúde Global. “O PEPFAR está construindo esse sucesso, conduzindo suas ações de maneira forte e inteligente para prevenir infecções pelo HIV e acabar com a AIDS entre crianças, adolescentes e mulheres jovens através da DREAMS Partnership, da iniciativa de Aceleração do Tratamento de HIV/AIDS para Crianças, e outros projetos“
Durante o evento, o UNAIDS também divulgou dados globais que mostraram que as novas infecções pelo HIV entre as crianças caíram 50% em todo o mundo desde 2010, passando de 290 mil para 150 mil em 2015. O levantamento mostrou também que 49% das crianças que vivem com HIV em todo o mundo agora têm acesso a tratamentos que salvam vidas. Na véspera da divulgação destes dados, UNAIDS e parceiros anunciaram que Armênia, Bielorrússia e Tailândia se uniram a Cuba ao receber certificados oficiais de validação da Organização Mundial de Saúde por terem eliminado novas infecções pelo HIV entre as crianças. A Tailândia é o primeiro país com uma grande epidemia de HIV (450 mil pessoas que viviam com o HIV em 2014) a receber tal validação.
Foi durante a Reunião de Alto Nível sobre o fim da AIDS em 2011 que o UNAIDS e o PEPFAR, junto a parceiros, lançaram o Plano Global para a eliminação de novas infecções pelo HIV entre crianças até 2015 e manter suas mães vivas (Plano Global). O foco do Plano Global foi aumentar os esforços para prevenir novas infecções por HIV em todos os países. Mais particularmente nos 22 países que, em 2009, respondiam por 90% das mulheres grávidas vivendo com HIV.
O novo relatório divulgado hoje mostra os progressos realizados desde que o Plano Global foi lançado. Ele descreve que sete países reduziram as novas infecções pelo HIV entre crianças em mais de 70% desde 2009 (a linha de base para o Plano Global), incluindo: Uganda (86% de redução); África do Sul e Burundi (com 84%); Suazilândia (80%); Namíbia (79%); Moçambique (75%); e Malawi (71%). Na Nigéria, no entanto, a queda foi menor, de apenas 21%. Na Índia, o único país do Plano Global fora da África subsaariana, novas infecções por HIV em crianças cairam 44% e a cobertura de serviços a mulheres grávidas aumentou de menos de 4% em 2010 para 31% em 2015.
O novo relatório demonstra que o tratamento ou profilaxia (excluindo a nevirapina de dose única menos eficaz) de cobertura para as mulheres grávidas que vivem com HIV nos países mais afetados pela epidemia aumentou drasticamente a partir de 2009.
Em 2015, mais de 80% das mulheres grávidas vivendo com HIV nos 21 países da África subsaariana tinham acesso a medicamentos para prevenir a transmissão do vírus ao seu filho – mais do que os 36% (excluindo a nevirapina de dose única, menos eficaz) em 2009.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que o tratamento para o HIV seja oferecido a todas as mulheres grávidas vivendo com vírus ao longo da vida, indo inclusive além da Opção B + para incluir todas as mulheres diagnosticadas com HIV, independentemente de estarem grávidas.
Até 2015, todos os países do Plano Global, com exceção da Nigéria, já estavam oferecendo o tratamento de HIV nestes parâmetros. O incremento significativo nesta oferta de tratamento ajudou a reduzir em 43% as mortes relacionadas com a AIDS entre mulheres em idade reprodutiva, entre 2009 e 2015.
Incrível jornada
Seis países – Botswana, Moçambique, Namíbia, África do Sul, Suazilândia e Uganda – cumpriram a meta do Plano Global de garantir que 90% ou mais das mulheres grávidas vivendo com HIV tivessem acesso a medicamentos antirretrovirais capazes de salvar vidas. Seis países adicionais forneceram medicamentos antirretrovirais para mais de 80% das mulheres grávidas vivendo com o vírus – Burundi, Camarões, Malawi, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.
Grandes casos de sucesso também foram observados no aumento do acesso ao tratamento por crianças soropositivas em 21 países: o acesso mais do que triplicou desde 2009, passando de 15% em 2009, para 51% em 2015. No entanto, isso ainda é apenas metade de todas as crianças que necessitam de tratamento.
Ainda são necessários grandes esforços para garantir que todas as crianças nascidas de mães soropositivas sejam testadas para o HIV nos primeiros dois meses de vida. Sem acesso imediato ao tratamento, cerca de 30% das crianças que vivem com HIV morrem no primeiro ano de vida e mais de 50% morrem antes de atingir o seu quinto aniversário.
O Plano Global também tinha como meta reduzir em 50% as novas infecções pelo HIV entre mulheres em idade reprodutiva. A diminuição real foi de apenas 5% – bem abaixo da meta. Isto sugere que as mulheres, inclusive as jovens, continuam sendo deixadas para trás e não estão sendo alcançadas pelos serviços de prevenção do HIV.
Entre 2009 e 2015, cerca de 4,5 milhões [3.8 a 5.4 milhões] de mulheres foram infectadas com HIV nos 21 países prioritários na África subsaariana, e as doenças relacionadas à AIDS continuam a ser a principal causa de morte entre adolescentes no continente.
No lançamento do relatório, UNAIDS, PEPFAR e parceiros também lançaram um quadro de Aceleração de Resposta para o Fim da AIDS entre crianças, adolescentes e mulheres – Start Free, Stay Free, AIDS-Free (Comece livre, permaneça livre, livre da AIDS, em português). A iniciativa terá como base o progresso já alcançado para a ação de Aceleração da Resposta com objetivo de acabar com a epidemia de AIDS e estabelece metas ambiciosas para eliminar novas infecções entre as crianças, encontrar e garantir o acesso ao tratamento para todas as crianças que vivem com HIV e prevenir novas infecções pelo vírus entre adolescentes e mulheres jovens. Juntos, esses passos irão colocar o mundo no caminho para pôr à epidemia da AIDS entre as crianças.