Jovens ao redor do mundo muitas vezes recebem informações conflitantes e imprecisas sobre sexo e sexualidade.Isto pode levá-los a decisões mal informadas sobre como, quando e com quem ter relações sexuais e como se proteger contra o HIV. Mas uma iniciativa apoiada pelo UNAIDS está mudando esta realidade para jovens do sul e do leste da África.
Uma série regional de programas de rádio e TV foi lançada na Zâmbia para preencher esta lacuna. A série foi projetada para oferecer educação sexual de uma forma envolvente para os jovens, além de ser um espaço de discussão de questões em torno de sexo e sexualidade, em uma região onde a prevalência do HIV é alta. Na África, doenças relacionadas à AIDS ainda são a principal causa de morte entre os adolescentes. Meninas adolescentes e mulheres jovens são especialmente vulneráveis a infecções pelo HIV.
Lançada na Zâmbia em 21 de fevereiro, a estratégia é levá-la para pelo menos mais cinco países da região ainda este ano: Malawi, Moçambique, Namíbia, Sudão do Sul e Tanzânia. A série tem 26 episódios de TV, 13 episódios de rádio e inclui um talk show de 15 minutos ao vivo todos os sábados, chamado The Sexuality Talk Challenge – O Desafio de Falar sobre Sexualidade.
A iniciativa conta com o apoio com o apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e Serviço de Disseminação de Informações sobre HIV e Aids da África (SAfAIDS), uma organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de produzir e divulgar informações sobre o vírus.
De acordo com Charity Banda, coordenadora de HIV/AIDS do Ministério da Educação da Zâmbia, este movimento é muito importante. “Ao enfrentar a puberdade sem estar preparados, os jovens se sentem confusos e sem apoio. Isto os torna vulneráveis a comportamentos de alto risco que aumentam as suas chances de contrair o HIV. É por isso que esta nova iniciativa é tão oportuna”, diz a coordenadora.
Exibida na maior rede de televisão e rádio do país, a Zambia National Broadcasting Corporation, a série atinge mais de 4 milhões de pessoas todos os dias somente na TV. Os programas estão sendo traduzidos em diversas línguas locais.
Os convidados do programa incluem jovens, organizações lideradas por jovens, professores, funcionários do governo, políticos e representantes da sociedade civil. Os tópicos discutidos no ar têm tocado em assuntos como: amor, sexo e relacionamentos saudáveis; auto-estima, compreensão de si mesmo e seus direitos como um adolescente; pressão dos parceiros; e em conceitos equivocados. Um episódio também se dedicou a melhorar a comunicação entre jovens e adultos.
“A evidência mostra que os adolescentes que discutiram questões com seus pais ou responsáveis são mais propensos a tomar decisões mais seguras e mais inteligentes sobre sexo e sua sexualidade”, disse Patricia Machawira, assessora regional da UNESCO para HIV e Educação na África Oriental e Austral. “Isso inclui esperar mais tempo para começar a ter relações sexuais, ter menos parceiros sexuais, utilizar métodos anticoncepcionais e ter confiança para dizer ‘não’ ao que não esteja confortável em fazer”, acrescentou.
Discussões francas e abertas da série já têm gerado debate. Os criadores do programa esperam que, até final da série previsto para junho na Zâmbia, essas discussões tenham ajudado a derrubar barreiras de comunicação, com acesso a informações precisas para capacitar os jovens a fazer escolhas informadas para um futuro melhor e mais saudável.
Como Medhin Tsehaiu, diretora do UNAIDS na Zâmbia, resume a estratégia: “Informação é poder e os jovens precisam ser equipados com as informações e habilidades corretas para tomarem decisões certas.”