Conselho Global sobre Desigualdades, AIDS e Pandemias

A resposta eficaz à pandemia é multidisciplinar. É por isso que especialistas globais da academia, governo, sociedade civil, desenvolvimento internacional e artes criativas estão se unindo para a promoção de soluções baseadas em evidências para as desigualdades que impulsionam a AIDS e outras pandemias.

No dia 6 de junho de 2023, o UNAIDS fez, no Brasil, o anúncio do Conselho Global sobre Desigualdades, AIDS e Pandemias.

O Conselho reúne especialistas da academia, governos, sociedade civil, desenvolvimento internacional e artes criativas para promover soluções baseadas em evidências para as desigualdades que impulsionam a AIDS e outras pandemias.

A meta é gerar um ambiente político no qual as desigualdades possam ser abordadas e para que o mundo possa acabar com a AIDS e se preparar melhor para responder às pandemias.

Objetivos do Conselho

• Aumentar a consciência pública e política da interconexão entre desigualdades, AIDS e outras pandemias;
• Reunir, analisar e utilizar evidências para entender melhor precisamente como as desigualdades impulsionam pandemias como AIDS, COVID-19, Mpox etc. e o que pode ser feito para construir esforços de resposta à desigualdade;
• Gerar pensamento inovador sobre estratégias/políticas/leis para combater as desigualdades que perpetuam as pandemias e gerar vontade política para implementá-las.

O que faz o Conselho Global?

Realiza pesquisas e analisa dados...

que identificam evidências e estratégias para abordar as desigualdades que impulsionam a transmissão do HIV e as pandemias. Nossas análises analisam o sistema de saúde e os determinantes sociais, econômicos, políticos e legais da transmissão do HIV e das pandemias.

Utiliza produtos criativos de comunicação...

para alcançar defensorias, pessoas acadêmicas e outros públicos, para equipar esses grupos com informações para fazer escolhas informadas sobre como lidar com as desigualdades.

Envolve lideranças políticas e pessoas tomadoras de decisão...

para incentivá-las a adotar políticas sensíveis à desigualdade como parte do fim da AIDS e na preparação e resposta à pandemia. Nós nos concentramos na agenda de prevenção do HIV; acesso a tratamentos e novas tecnologias; serviços e monitoramento liderados pela comunidade; e financiamento e sustentação da resposta ao HIV.

Sobre desigualdades

A crise da COVID-19 lançou uma luz sobre o perigo de pandemias; as crises sociais iluminaram o perigo das desigualdades. A boa notícia é que ambos os desafios podem ser superados – se forem enfrentados como um só.
• Países com taxas mais altas de desigualdade de renda têm taxas mais altas de morte por COVID-19, de mortes por AIDS e de infecção por HIV.
• Durante a COVID-19, enquanto os países de alta renda investiram bilhões em gastos sociais e de saúde para responder aos efeitos da pandemia, em 2021, quase 50% de todos os países em desenvolvimento cortaram gastos com saúde e cerca de 70% cortaram gastos com educação.
• Nos últimos anos, mais do que o dobro de pessoas morreram de MPox na República Democrática do Congo do que em todo o resto do mundo. Mas nenhuma vacina para MPox foi entregue ao país.
• Em todo o mundo, os homens gays são mais propensos do que outros homens a viver com HIV.

Desigualdade que impulsiona pandemias

Muitas das mesmas desigualdades sociais e econômicas que impulsionam o HIV, a COVID-19 e o MPox, conduzirão a surtos futuros. As lições aprendidas com as abordagens de redução da desigualdade demonstradas na pandemia da AIDS podem orientar como podemos vencer todas as pandemias, e novas respostas à AIDS focadas na desigualdade tornarão o mundo mais preparado.

Superando as Desigualdades - Perguntas

Como podemos superar as pandemias?
Em todo o mundo, políticas práticas comprovadas que combatem as desigualdades garantiram um progresso extraordinário na resposta à AIDS. Atualmente, porém, essas lições ainda são aplicadas de forma desigual. De fato, em grande parte do mundo, vemos abordagens políticas que permitem que as desigualdades se alarguem e até, em alguns casos, exacerbam deliberadamente as desigualdades.

Muitas das mesmas desigualdades que impulsionam o HIV, COVID-19 e MPox, levariam a surtos futuros. As lições aprendidas com as abordagens de redução da desigualdade demonstradas na pandemia da AIDS podem orientar como podemos vencer todas as pandemias, e novas respostas à AIDS focadas na desigualdade tornarão o mundo mais preparado.

Para ajudar as pessoas que são marginalizadas nas respostas – as pessoas que não têm acesso aos serviços, as pessoas que não conseguem se proteger da infecção ou iniciar e permanecer em tratamento – devemos entender o motivo pelo qual são marginalizadas. As respostas são encontradas olhando para a relação entre aqueles que têm o controle do poder e aqueles que não o fazem: na forma como os serviços são estruturados, nas leis, políticas e normas sociais que capacitam alguns e enfraquecem outros. Essas desigualdades perpetuam as pandemias.

A resposta eficaz à pandemia é mais do que clínica, é multidisciplinar. Precisamos chamar a atenção para as causas e soluções, e ajudar o conhecimento e a experiência a serem traduzidos em ação.

Para combater as pandemias de amanhã, precisamos de abordagens que reduzam a desigualdade às pandemias de hoje.

Por que o movimento de AIDS está no centro da luta contra as desigualdades?
A resposta à AIDS mostrou a diferença que o enfrentamento das desigualdades faz para a superação das pandemias. O movimento de AIDS é um dos melhores exemplos de como grupos de pessoas que vivenciam desigualdades interseccionais podem se unir para superá-las, salvando milhões de vidas. Mudanças políticas ousadas, conquistadas pelo movimento de AIDS de comunidades, cientistas, líderes políticos, financiadores, ativistas e apoiadores, reduziram o preço do tratamento e diagnósticos, fortaleceram a infraestrutura de saúde, permitiram o surgimento de um quadro de organizações lideradas pela comunidade e garantiram a remoção de leis discriminatórias punitivas contra comunidades marginalizadas em países de todo o mundo.

Mas a AIDS ainda não acabou e alguns dos trabalhos mais difíceis ainda estão por vir. Algumas das desigualdades mais profundas e espinhosas que impulsionam a pandemia continuam a obstruir o progresso na resposta ao HIV. As desigualdades que impulsionam a pandemia da AIDS não são inevitáveis. As políticas podem superá-los.

Por exemplo, na África Subsaariana, meninas adolescentes e mulheres jovens têm 3 vezes mais chances de adquirir o HIV do que meninos e homens jovens. Mas quando as meninas terminam a escola e têm acesso a um pacote de serviços e direitos, seus riscos de contrair o HIV são drasticamente reduzidos.

Em todo o mundo, os homens gays são mais propensos do que outros homens a viver com HIV. Quanto mais é determinado pela política. Na Tailândia, onde os gays não são criminalizados, sua prevalência de HIV é 11 vezes maior, mas na Malásia, onde os gays são criminalizados e presos, é 74 vezes maior. A lei pode ser uma ferramenta para combater a desigualdade ou perpetuá-la – enfrentar pandemias ou minar a resposta à pandemia.

Em países como Austrália, Canadá e Estados Unidos, as taxas de aquisição do HIV são maiores em comunidades indígenas do que em comunidades não indígenas.

E no Brasil, as infecções por HIV estão caindo drasticamente entre os jovens gays brancos, à medida que o acesso ao tratamento é ampliado e novas ferramentas de prevenção, como a PrEP, são lançadas. Mas as infecções por HIV entre jovens gays negros no Brasil estão em crescimento. Precisamos saber mais sobre como as respostas políticas podem abordar as desigualdades raciais.

O movimento de AIDS está no centro da luta contra as desigualdades porque a ação para combater as desigualdades é como o mundo acabará com a AIDS.

Mais informações sobre o lançamento do Conselho Global sobre Desigualdade, AIDS e Pandemias no Brasil, que contou com a presença da diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, acesse aqui.

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