Para as mais de 3.000 pessoas, incluindo 330 crianças e adolescentes, vivendo com HIV e em terapia antirretroviral no estado de Goa, na Índia, o surto de COVID-19 é um momento de preocupação—eles estão preocupados com a COVID-19 e preocupados com a continuidade do tratamento antirretroviral durante o confinamento na Índia.
Para responder a uma dessas preocupações, a equipe da Human Touch Foundation (Fundação Toque Humano, em tradução livre para o português), uma organização de base comunitária que presta assistência e apoio a crianças e adolescentes vivendo com HIV, desde o início do confinamento, organizou uma força tarefa voluntária para levar terapia antirretroviral até a porta das pessoas.
As autoridades de saúde das clínicas de HIV fornecem uma lista de pessoas que precisam de terapia antirretroviral, depois de garantir o consentimento dos beneficiários com a divulgação dessa lista. E de forma alternativa, vários beneficiários se conectam diretamente à Human Touch Foundation para o fornecimento de medicamentos.
“A maioria das pessoas que vivem com HIV ainda escondem seu estado sorológico para o HIV e não desejam que cheguemos diretamente a suas casas para a entrega da medicação. Com baixa conexão em seus celulares, em muitos casos, não temos opção a não ser fazer mais de duas viagens, em vez de perguntar suas localizações aos moradores”, disse Peter Borges, fundador e CEO da Human Touch Foundation.
Juntamente com a terapia antirretroviral, a Fundação também fornece mantimentos essenciais como arroz, lentilhas, óleo e leite—para crianças e adolescentes vivendo com HIV e suas famílias. “Muitas crianças e adolescentes estão com ansiedade e depressão, principalmente em relação à sobrevivência, devido à perda de renda de suas famílias e à escassez de suprimentos essenciais”, disse Borges. Sabonetes também são fornecidos com os kits que são distribuídos em colaboração com o UNAIDS, Reckitt Benckiser, Just Imagine Trust e o Rotary Club de Panaji Riviera.
A Human Touch Foundation também está oferecendo apoio psicossocial online para crianças e adolescentes vivendo com HIV. “Simplificamos nossa comunicação por meio de aconselhamento online e apoio. Temos uma equipe de funcionários dando apoio à coordenação e prestando apoio à equipe de campo por meio da avaliação da família”, acrescentou Borges.
Esforços semelhantes estão sendo realizados em Bangalore para apoiar as pessoas que vivem com HIV. A Champion in Me, uma organização comunitária que fornece cuidados, apoio e o desenvolvimento de novas habilidades para adolescentes e jovens vivendo com HIV, criou um sistema de apoio para alcançar as comunidades durante o bloqueio. Uma força terefa de jovens voluntários fez parceria com a Rede de Pessoas Positivas Karnataka (KNP+, na sigla em inglês) para distribuir remédios a 140 pessoas e provisões alimentares para 1200 pessoas. “Elogio a coragem de nossos voluntários e apoiadores, que vieram ajudar as pessoas que vivem com HIV em um momento de crise. É quando nossas organizações e líderes precisam se manter firmes e unir esforços para garantir que ninguém seja deixado para trás”, disse Elvis Joseph, diretor da Champion in Me.
Em nível nacional, a Coalizão Nacional de Pessoas Vivendo com HIV na Índia (NCPI+, sigla em inglês), está coordenando esforços com a Organização Nacional de Controle da AIDS (NACO, na sigla em inglês) e outros parceiros, incluindo o UNAIDS, para garantir a adesão ao tratamento e um atendimento contínuo às pessoas que vivem com HIV.
“Desde o início do confinamento, a Coalizão Nacional de Pessoas Vivendo com HIV na Índia, estabeleceu uma boa plataforma de comunicação por WhatsApp e e-mails, conectando a Organização Nacional de Controle da AIDS e redes de pessoas vivendo com HIV para monitorar de perto os desafios, encontrar soluções conjuntas e ajudar na coordenação”, disse Daxa Patel, o Presidente do NCPI+ e o Secretário da Rede Estadual de Pessoas que Vivem com HIV em Gujarat. Como resultado, o NCPI+ ajudou mais de 45.000 pessoas vivendo com HIV na Índia a obter entregas domésticas de medicamento antirretroviral.
“As comunidades afetadas pelo HIV desempenharam um papel importante, fornecendo medicamentos antirretrovirais para pessoas que não foram capazes de buscá-las. A Human Touch Foundation, Champion in Me e a Coalizão Nacional de Pessoas Vivendo com HIV na Índia são apenas alguns exemplos do que pode ser feito em nível nacional, estadual ou municipal pelas próprias comunidades. Muitas soluções locais foram implementadas em um esforço conjunto entre o governo, o UNAIDS e organizações da sociedade civil para a entrega de medicamentos, alimentos ou sabonete aos necessitados”, disse Bilali Camara, diretora do UNAIDS na Índia.