O UNAIDS dá boas-vindas aos resultados do estudo HPTN 071 (PopART). Os resultados mostraram um declínio de 30% nas novas infecções por HIV quando a prevenção ao vírus, incluindo aconselhamento e testagem domiciliar, foi fornecida, assim como o encaminhamento ao tratamento do HIV para pessoas que receberam o resultado positivo para o vírus, de acordo com as diretrizes nacionais. O estudo ocorreu entre 2013 e 2018 e incluiu 21 comunidades urbanas na Zâmbia e na África do Sul, cobrindo uma população de 1 milhão de pessoas, caracterizando o maior estudo desse tipo.
“O UNAIDS parabeniza a equipe da PopART por este importante estudo, que demonstra claramente o impacto fundamental da prevenção, testagem e vinculação ao tratamento baseados na comunidade”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Isso reforça o chamado do UNAIDS para mais agentes comunitários de saúde em toda a África e a necessidade de mais investimento em prevenção e tratamento do HIV, incluindo novas e melhores ferramentas e sistemas para entregá-los. Também mostra a necessidade urgente de alcançar homens e jovens.”
O estudo teve três ramos. Os ramos A e B entregaram o pacote PopART de prevenção ao HIV, que inclui aconselhamento e testagem anual domiciliares, vinculação aos cuidados no serviço de saúde local para pessoas vivendo com HIV, visitas de acompanhamento a pessoas vivendo com HIV para garantir que estavam vinculadas aos cuidados e para apoiar a adesão ao tratamento, promoção da circuncisão masculina cirúrgica para homens que não vivem com HIV, serviços para prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho, encaminhamento para tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, fornecimento de preservativos na comunidade e triagem e encaminhamento para tuberculose.
O ramo A ofereceu o início imediato da terapia antirretroviral para pessoas com resultado positivo para o HIV, independentemente da contagem de CD4. O ramo B ofereceu terapia antirretroviral apenas para pessoas elegíveis de acordo com as diretrizes nacionais—no início do estudo, esta contagem de CD4 era de 350; aumentou para 500; e, em 2016, as diretrizes definiam que o tratamento deveria ser oferecido para todas as pessoas vivendo com HIV, como no ramo A. O ramo C não teve intervenção doméstica, mas as pessoas tiveram acesso aos serviços de testagem e tratamento do HIV de acordo com as diretrizes dos países.
Ambos os ramos A e B alcançaram as metas 90-90-90* em geral. No ramo B, a incidência do HIV diminuiu 30% em comparação com o padrão básico de atendimento oferecido pelos países envolvidos no estudo. No ramo A, a incidência diminuiu apenas 7%, o que, embora não seja estatisticamente significativo, é surpreendente. Outras análises estão em andamento para ajudar a explicar por que o declínio na incidência não foi maior no ramo A, apesar da alta supressão viral (a supressão viral foi de 72% no ramo A, 68 % no ramo B e 60% no ramo C).
A análise de subgrupo também mostrou que em ambos os grupos A e B a cobertura da terapia antirretroviral foi alta em mulheres com mais de 25 anos e em homens com mais de 40 anos, mas pessoas mais jovens tiveram uma cobertura muito menor. A análise também mostrou que os homens e os jovens eram muito menos propensos a atingir a supressão da carga viral. Isto enfatiza a importância de garantir as metas 90–90–90 sejam alcançadas nacionalmente, mas também em cada grupo populacional.
O impacto do acesso baseado na comunidade na testagem, tratamento e prevenção é evidente no estudo e sustenta o foco do UNAIDS no fortalecimento de plataformas comunitárias. O UNAIDS promove este trabalho por meio da iniciativa 90-90-90, da iniciativa Cidades Fast-Track e da Coalizão Global para Prevenção, uma coalizão convocada por UNAIDS e UNFPA para ampliar o acesso à prevenção combinada ao HIV em locais com alta incidência do vírus. O trabalho da coalizão inclui um foco particular em mulheres jovens e seus parceiros do sexo masculino—grupos em que se encontrou uma necessidade de melhor acesso aos serviços no estudo PopART.
O UNAIDS ressalta que ainda não existe um método único de prevenção do HIV que seja totalmente eficiente. Para acabar com a epidemia de AIDS, o UNAIDS recomenda uma combinação de opções de prevenção ao HIV. Isso inclui assegurar que todas as pessoas que vivem com HIV tenham acesso imediato à terapia antirretroviral, o uso correto e consistente de preservativos penianos ou vaginais, início da vida sexual ativa em idade mais avançada, circuncisão masculina cirúrgica e o uso de profilaxia pré-exposição para pessoas em maior risco de infecção pelo HIV.
Os resultados do estudo PopART foram apresentados na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI 2018), realizada em Seattle, nos Estados Unidos, de 4 a 7 de março de 2019.
* A Declaração de Paris estabelece, entre outros pontos, o compromisso com as metas de tratamento 90-90-90—que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% destas pessoas tenham carga viral indetectável.