Um relatório divulgado hoje (13/3) pelo UNAIDS mostra que, a incidência do vírus dá sinais de que está crescendo entre pessoas que usam drogas injetáveis (de 1.2% em 2011 para 1.4% em 2017). Esta tendência está na contramão do declínio global em novas infecções por HIV na população em geral, da ordem de 25% entre 2010 e 2017.
O relatório também mostra que 99% das pessoas que usam drogas injetáveis vivem em países que não oferecem cobertura adequada de serviços de redução de danos.
“O UNAIDS está muito preocupado com a falta de progresso na abordagem com as pessoas que usam drogas injetáveis, o que acontece por conta da falha de muitos países em implementar abordagens baseadas em evidências e direitos humanos para o uso de drogas”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Ao colocar as pessoas no centro e garantir que elas tenham acesso a serviços sociais e de saúde com dignidade e sem discriminação ou criminalização, podemos salvar vidas e reduzir as novas infecções por HIV drasticamente.”
O novo relatório do UNAIDS, Saúde, direitos e drogas: redução de danos, descriminalização e zero discriminação para pessoas que usam drogas, mostra que, das 10,4 milhões de pessoas que usavam drogas injetáveis em 2016, mais da metade vivia com hepatite C e uma em cada oito vivia com HIV. O relatório destaca que a disponibilidade de serviços abrangentes de redução de danos—incluindo programas de substituição de agulhas e seringas, tratamento de dependência de drogas e testagem e tratamento de HIV—dará início à interrupção de novas infecções por HIV entre pessoas que usam drogas.
No entanto, poucos Estados-membros das Nações Unidas cumpriram o acordado em 2016, no documento final da Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas, em estabelecer medidas eficazes de saúde pública para melhorar os resultados da saúde das pessoas que usam drogas.
O relatório destaca que, embora a descriminalização do uso e posse de drogas para uso pessoal aumente o fornecimento, o acesso e a vinculação a serviços de saúde e de redução de danos, criminalização e punições severas continuam sendo comuns. Estima-se que uma em cada cinco pessoas presas em todo o mundo esteja encarcerada por delitos relacionados a drogas, cerca de 80% dos quais estão na prisão por posse para uso pessoal. Além disso, o relatório lista 35 países que mantêm pena de morte por delitos relacionados a drogas.
O UNAIDS defende o engajamento total da sociedade civil como fonte essencial de informação e mobilização, advocacy e serviços liderados pela comunidade, especialmente em lugares onde as políticas e práticas repressivas são a norma. Além disso, o UNAIDS pede financiamento suficiente para programas de direitos humanos e serviços de saúde que incluam serviços de redução de danos e HIV, respostas lideradas pela comunidade e por facilitadores sociais e o fim do estigma e discriminação relacionados a drogas e HIV.
O relatório Saúde, direitos e drogas destaca que, apesar da eficácia da redução de danos, os investimentos em medidas de redução de danos estão muito aquém do que é necessário para uma resposta eficaz ao HIV. Em 31 países de baixa e média renda que reportaram dados ao UNAIDS, 71% dos gastos com serviços de HIV para pessoas que usam drogas foram financiados por doadores externos.
Embora alguns países tenham feito progressos implementando abordagens baseadas em evidências e direitos humanos, a maioria ainda está muito atrasada. Antes do segmento ministerial da Comissão sobre Entorpecentes, que começa em 14 de março de 2019 em Viena, na Áustria, o UNAIDS está estimulando os governos a revisitar e reorientar suas abordagens à política de drogas, colocando as pessoas no centro e vinculando os direitos humanos à saúde pública.
O UNAIDS delineou um conjunto de recomendações para os países adotarem, que incluem:
Veja o relatório completo aqui: Saúde, direitos e drogas: redução de danos, descriminalização e zero discriminação para pessoas que usam drogas