O UNAIDS celebra os resultados preliminares de dois estudos que mostram que um anel vaginal que libera medicamentos antirretrovirais de longa duração tem até 54% de eficácia na prevenção de infecções por HIV entre as mulheres. O anel, que deve ser substituído mensalmente, libera lentamente o medicamento antirretroviral dapivirine e pode dar às mulheres uma opção adicional de prevenção ao HIV que é discreta e pode ser controlada.
“Estes resultados são significativos”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Fatores estruturais, comportamentais e biológicos tornam as mulheres mais vulneráveis à infecção pelo HIV, por isso é extremamente importante que elas tenham a oportunidade de se protegerem do HIV, da maneira que preferirem”.
Esses resultados preliminares são de dois grandes estudos abertos—nestes os participantes sabem qual medicamento está sendo usado; isto é, não são utilizados placebos—realizados na África do Sul e em Uganda. As pesquisas envolveram mulheres entre 20 e 50 anos.
A pesquisa HOPE, que começou em agosto de 2016 e engajou mais de 1400 mulheres até outubro de 2017—o momento da revisão preliminar—encontrou uma redução de 54% no risco de contrair HIV. Isto significa que a taxa de novas infecções por HIV foi de 1,9 mulheres recém-infectadas a cada 100 participantes em um determinado ano; com base na modelagem estatística, os pesquisadores determinaram que a taxa de novas infecções teria sido de 4,1 a cada 100 se as mulheres não tivessem recebido o anel. A pesquisa DREAM, que envolveu 940 mulheres a partir de julho de 2016, teve conclusões semelhantes, com uma redução de 54% na taxa de incidência do HIV. Os resultados finais de ambos os estudos são esperados para 2019.
A adesão mostrou-se alta em ambos os ensaios, ainda que os índices não fossem capazes de determinar se as mulheres usaram o anel todo o tempo, a maior parte do tempo ou apenas algumas vezes. O estudo DREAM mostrou que mais de 90% das mulheres usaram o anel pelo menos uma parte do tempo durante o estudo, com base nos níveis residuais do medicamento. O estudo HOPE mostrou que 89% dos anéis retornados indicavam que o anel era usado pelo menos algumas vezes no mês anterior.
Esta é a primeira vez que uma eficácia maior que 50% foi observada em ensaios de prevenção ao HIV envolvendo apenas mulheres. Dois ensaios anteriores de fase III apresentados em 2016—ASPIRE/MTN-020 e o Ring Study/IPM 027—que incluíram um grupo de placebo, apresentaram apenas uma modesta proteção (30%) contra a infecção pelo HIV para mulheres. As mulheres do ASPIRE e do estudo do anel foram incluídas nos estudos HOPE e DREAMS.
Outros avanços científicos na prevenção ao HIV apresentados nos últimos anos incluem os estudos PROUD e IPERGAY, que em 2015 relataram uma redução de 86% na infecção por HIV entre homens HIV negativos que tomaram medicamentos antirretrovirais para prevenir o HIV; o estudo 2011 HPTN 052, que mostrou que o início precoce da terapia antirretroviral pode reduzir o risco de transmissão para um parceiro não infectado em 96%; e os estudos 2011 Parecs PrEP e TDF2, que mostraram que uma pílula antirretroviral diária tomada por pessoas que não vivem com HIV pode reduzir seu risco de adquirir o vírus em até 73%. A pesquisa sulafricana Orange Farm Intervention, financiada pela Agência Nacional de Pesquisas sobre a AIDS (ANRS) e publicada em 2005, demonstrou uma redução de mais de 60% nas infecções por HIV entre homens circuncidados.
“Esses avanços importantes mostram quão crítico é continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento, em novas e efetivas opções de prevenção do HIV”, disse Sidibé. Os últimos relatórios mostram que, em 2016, o financiamento da pesquisa e do desenvolvimento da prevenção do HIV foi o seu nível mais baixo em uma década, sem indícios de aumento dos investimentos.
O UNAIDS enfatiza que, apesar das descobertas científicas recentes, ainda não existe um método único que proteja totalmente contra o HIV. Para acabar com a epidemia de AIDS, o UNAIDS recomenda fortemente uma combinação de opções de prevenção ao HIV. Esta pode incluir o uso correto e consistente de preservativos masculinos e femininos, esperar mais tempo antes de fazer sexo pela primeira vez, ter menos parceiros, a circuncisão masculina cirúrgica, evitar relações sexuais com penetração, usar a profilaxia pré-exposição no caso de pessoas com maior risco de infecção pelo HIV e garantir que todas as pessoas vivendo com HIV tenham acesso imediato a medicamentos antirretrovirais.
Em 2016/2017* uma estimativa de:
*20.9 milhões de pessoas estavam acessando terapia antirretroviral em junho de 2017
Globalmente, 36.7 milhões [30.8 milhões–42.9 milhões] de pessoas estavam vivendo com HIV
1.8 milhão [1.6 milhão–2.1 milhões] de pessoas foram infectadas com HIV
1.0 milhão [830 000–1.2 milhão] de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS