A Associação da Parada LGBTI+ de São Paulo, ONG responsável pela maior Parada do Orgulho LGBTI+ do mundo, promoveu esta semana (28/11) o I Encontro de Saúde/Prevenção IST/AIDS entre Jovens LGBTI+ em São Paulo. Realizado às vésperas do dia 1º de dezembro (Dia Mundial contra a AIDS), o encontro marcou o primeiro de uma série de debates que a Parada LGBT SP pretende realizar com organizações ligadas à área de prevenção ao HIV e outras IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
“Nosso objetivo é poder levar esse debate sobre saúde e juventude LGBTI+ também a outros encontros e envolver outras paradas do Brasil para que se sensibilizem sobre o tema e se juntem a nós nesta conscientização tão importante”, disse Almir Nascimento, recém-eleito para a diretoria da ONG. “Chegou a hora de retomar esse tema com a mesma coragem que fizemos no início da epidemia de AIDS.”
A realização do encontro, que aconteceu no Teatro da Aliança Francesa, no centro de São Paulo, contou com o apoio do UNAIDS, do Programa Municipal IST/AIDS, do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS – SP, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, do Museu da Diversidade e o Fórum de ONGs Aids do Estado de São Paulo e da página Menino Gay, no Facebook.
Canto Produções, Projeto Boa Sorte, Jovem Soropositivo, Menino Gay e o médico infectologista Ricardo Vasconcelos, junto com a Organização da Parada LGBTI+ de São Paulo, trabalharam no desenvolvimento e na criação dos vídeos sobre prevenção, vulnerabilidade LGBTI+ e visibilidade positiva para apoiar a divulgação do evento e a continuidade do debate nas plataformas virtuais. A drag Lorelay Fox foi escolhida para ser porta-voz dessas mensagens.
“O que nos motivou a participar desse processo de criação com a Parada LGBTI+ de SP foi a percepção da necessidade de falar sobre prevenção, vulnerabilidade e visibilidade positiva entre os LGBTI+”, disse André Canto, diretor e roteirista do projeto Olhares—HIV e AIDS, que será lançado em 2018. “Ver a Parada de SP elegendo esse tema como um dos principais pontos de discussão me motivou muito a fazer esse trabalho. A epidemia de HIV nessa população tem crescido e temos que falar sobre isso, sem tabu, entre nós”
Rita Von Hunty, que apresenta o canal Tempero Drag e também ganhou destaque com o programa Academia de Drags, foi a mediadora do encontro. A primeira rodada de debates, com o tema Jovens e Prevenção Combinada, contou com a participação de jovens como Gabriel Estrela (Projeto Boa Sorte) e Matheus Emílio (Página Menino Gay). Participaram também da mesa o médico infectologista da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FAMUSP) e do PrEP Brasil, o representante da sociedade civil Paulo Giacomini (Fórum Ongs Aids do Estado de São Paulo) e Cláudia Regina Garcia (Presidente da Parada do Orgulho GLBT do Estado de São Paulo).
Uma segunda rodada de debates contou com a participação de Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil, falou sobre a importância do evento da Parada em resposta à epidemia de HIV. “Um movimento que é baseado no amor, é de uma força única. O movimento LGBTI+ tem essa força de pautar os debates relevantes da sociedade”, disse Georgiana. “Representatividade LGBTI+ na política é uma urgência para o movimento no Brasil.”
Também participaram desta rodada de debates Adriano Queiroz da Silva, da Coordenação do Programa Municipal DST/AIDS, Ivone de Paula, do Centro de Referência e Treinamento – DST/AIDS do Estado de São Paulo, e Gerson Pereira, do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Prevenção do HIV e Zero Discriminação
O final dos debates, a Parada do Orgulho LGBTI+ de São Paulo exibiu, em primeira mão, os vídeos com a drag queen Lorelay Fox, sobre prevenção do HIV, vulnerabilidade, discriminação. O conteúdo completo será divulgado no canal do youtube de Lorelay, o Parou Tudo.
Em entrevista ao blog do Diário de um Jovem Soropositivo, na semana que antecedeu o encontro, Almir Nascimento destacou que “o índice da epidemia está explodindo, novamente, especialmente entre os jovens homens gays. Não era para estarmos ainda falando de aumento do número de casos, de campanhas que ainda precisam ser feitas. (…) Mas parece que estamos sempre patinando, patinando”. “se a Parada tivesse feito isso há vinte anos, o quanto ela já não poderia ter conseguido? Se a gente já tivesse feito um trabalho para os jovens que hoje estão se infectando e que não têm informação sobre o HIV, o quanto a gente não poderia ter ajudado?”