O último dia do 11º Congresso de HIV/AIDS (HepAids2017) em Curitiba, Paraná, foi palco da roda de conversa Palavras não são neutras: intervenções para reduzir o estigma da AIDS no Brasil, promovida pelo UNAIDS Brasil. É fato que a tecnologia e sociedade evoluíram, e hoje o debate sobre HIV pode estar presente em conversas entre amigos ou até mesmo em novelas. Entretanto, ainda há um tabu muito grande, e a falta de informação faz com que pessoas sejam passem por situações de preconceito e discriminação.
Um dos pontos levantados pelo youtuber Gabriel Estrela, criador do projeto Boa Sorte, foi a respeito do papel da internet e da arte na redução do estigma e disseminação de informações corretas. Artista multimídia, Gabriel já desenvolveu trabalhos de teatro, fotografia, vídeo, televisão, redação, entre outros, para falar sobre HIV com foco na juventude.
“O Projeto Boa Sorte engloba arte, informação e acolhimento para falar sobre HIV e AIDS. A arte sempre foi uma forma de organizar a linguagem”, explica Estrela. Além disso, enfatiza que falar sobre o tema não precisa ser ruim, nem relacionado a coisas ruins. “Convenhamos: no momento em que vemos manchetes pejorativas, falar sobre HIV sorrindo é muito forte! Quer dizer: além da palavra, dos códigos que a gente usa, existe a narrativa, os discursos que a gente expressa.”
O Guia de Terminologia do UNAIDS, lançado na roda de conversa em Curitiba, durante o Congresso, deve servir como instrumento para que cada vez mais pessoas conheçam as recomendações sobre o uso de palavras cientificamente precisas e que promovam os direitos humanos universais e a dignidade do indivíduo. “O Guia traz não somente a questão social, mas também técnica dos termos, e uma coisa eu posso falar para vocês: o Brasil tem zero contaminados, mas sim 830 mil infectados. Contaminado tem uma conotação de bomba atômica, de lixo, e está errado!”, explica a Diretora do UNAIDS Brasil, Georgiana Braga-Orillard.
O debate, que contou com a presença de cerca de 60 pessoas na sala Guarapuava do ExpoUnimed, local onde aconteceu o Hepaids2017, foi transmitido ao vivo pela conta do Facebook do UNAIDS Brasil. A transmissão, que foi compartilhada por páginas como Põe na Roda, Projeto Boa Sorte, Revista Galileu, Gabriel Comicholi, os Discordantes, teve mais de 9 mil visualizações e um alcance de quase 40 mil pessoas.
Leia as matérias dos outros participantes da roda: Marcos Borges (Doutor Maravilha) e Nathan Fernandes.
Veja também a cobertura que o UNAIDS Brasil fez do evento pelo Twitter, através do Storify