Pelo segundo ano consecutivo, o UNAIDS recebeu o Prêmio Aliad@s da Cidadania LGBTI, concedido em reconhecimento a pessoas e organizações que contribuíram para o progresso dos direitos das comunidades LGBTI. Criado pelo Grupo Dignidade de Curitiba, uma das ONGs LGBTI mais respeitadas e antigas do Brasil, o prêmio está em sua 15ª edição em 2017.
Este ano, o UNAIDS recebeu o prêmio como protagonista global, em reconhecimento aos esforços incansáveis e à abordagem baseada em direitos humanos durante muitos anos para tratar a epidemia de HIV entre homens gays, incluindo campanhas e iniciativas como a Zero Discriminação, Plataforma Global para Aceleração de Respostas ao HIV entre Homens Gays, Bissexuais e Outros Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH), uma grande variedade de publicações, bem como a menção específica desta população-chave nas Declarações Políticas da Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGASS) sobre HIV e AIDS.
Em 2016, o UNAIDS também foi premiado por meio de seu escritório no Brasil pelo excelente trabalho com a iniciativa Zero Discriminação e seu apoio de longa data à resposta ao HIV no país.
“Muito do que aprendi sobre o respeito pela diversidade e a importância dos movimentos sociais para a resposta à epidemia de AIDS veio de minha interação constante com o Grupo Dignidade em Curitiba”, disse a Dra. Mariângela Simão, Diretora de Direitos, Gênero, Prevenção e Mobilização Comunitária do UNAIDS, em uma mensagem de vídeo durante a cerimônia de premiação. “Receber este prêmio do Grupo Dignidade é muito importante para nós. Portanto, gostaria de agradecer em nome de Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS, pelo prêmio.”
A cerimônia de premiação marcou o 25º aniversário do Grupo Dignidade, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos com sede em Curitiba, Brasil, que trabalha principalmente com os direitos humanos e civis LGBTI e a prevenção do HIV entre homens gays. O Diretor Executivo da organização e um dos ativistas LGBTI mais importantes do Brasil, Toni Reis, coordena atualmente o trabalho de 70 voluntários que são capazes de atingir diretamente mais de 10.000 pessoas por ano.
O UNAIDS defende os direitos humanos e os direitos das pessoas mais vulneráveis ao HIV, a fim de promover o acesso universal aos serviços de saúde e a Aceleração da Resposta para o fim da epidemia de AIDS até 2030. Por meio de iniciativas e campanhas como a Zero Discriminação, o UNAIDS visa sensibilizar para a urgência e importância do fim do estigma e da discriminação nos serviços de saúde para uma resposta eficaz ao HIV.
“Enquanto conversamos aqui, pessoas estão sendo presas em alguns países simplesmente por distribuir material educativo sobre livre orientação sexual. Ainda temos 74 países criminalizando relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. É por isso que o UNAIDS trabalha em estreita colaboração com todas essas comunidades “, disse Mariângela em sua mensagem em vídeo. “Nesse sentido, o exemplo que o Grupo Dignidade vem dando ao mundo nestes últimos 25 anos é muito importante para todos nós”.
O Assessor de Comunicação do UNAIDS no Brasil, Daniel De Castro, que recebeu o prêmio em nome da Dra. Mariangela, disse: “Podemos transformar a vida das pessoas com gestos simples, desde o acolhimento à demonstração de respeito e garantia de condições para que elas tenham uma vida plena e produtiva com dignidade. Isso é o que o Grupo Dignidade vem fazendo desde o início. E continua a inspirar todos nós a fazer o mesmo. ”
Estima-se que o Grupo Dignidade gerou pelo menos uma dúzia de outras organizações em todo o Brasil e outras 60 se inspiraram em sua carta. É o berço de pelo menos 3.000 ativistas LGBTI do país. No início da epidemia de AIDS, o Grupo era visto como a única opção de sistema de saúde disponível por muitos gays desfavorecidos. Agora, a ONG faz parte de núcleos que estão espalhados nas principais áreas relacionadas aos direitos humanos e aos direitos das comunidades LGBTI, incluindo departamentos municipais, estaduais e federais do Ministério Público, autoridades públicas de direitos humanos e defesa direta no Supremo Tribunal Federal.
Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil, destacou a importância do prêmio, “Estamos investindo tempo e esforço em direitos humanos e Zero Discriminação no país e no mundo. O prêmio mostra que estamos indo na direção certa e que nossos esforços estão tendo um impacto nas comunidades que queremos apoiar.”
A cerimônia também sediou o Prêmio Educando para o Respeito à Diversidade Sexual, que contou com o apoio do UNAIDS, do Ministério da Saúde e de outras instituições. O prêmio foi concedido a 11 iniciativas individuais e institucionais selecionadas que reconheceram, valorizaram e incentivaram a promoção do respeito à diversidade sexual no ambiente educacional no Brasil.
Dentre as iniciativas premiadas, há publicações, como “A princesa e a costureira”, de Janaína Leslão, um livro infantil que traz a história de uma princesa que se apaixona pela costureira de seu vestido de casamento com um princípe; projetos pedagógicos, dissertações e teses, como o de Roberto Muniz Dias, “Literatura e Diversidade Sexual”, que discute diversidade sexual e gênero em escolas do Brasil; políticas públicas e produções audiovisuais, a exemplo do “Vozes da Igualdade”, do Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.