Especialistas em economia e representantes dos programas nacionais de AIDS, ministros da saúde e organizações de profissionais da saúde endossaram a criação de uma coalizão global de trabalhadores comunitários de saúde em consultas organizadas pelo UNAIDS em Nova York, Estados Unidos, nos dias 9 e 10 de fevereiro.Trabalhadores comunitários de saúde prestam serviços de boa relação custo -benefício para comunidades e aumentam o acesso aos serviços essenciais para as populações marginalizadas. Mais de 6 milhões de trabalhadores comunitários de saúde já atuam todo o mundo. Entretanto, muitos não são remunerados e frequentemente não estão completamente integrados aos sistemas de saúde.
Os participantes demandaram uma iniciativa urgente para recrutar, treinar e empregar pelo menos 2 milhões de trabalhadores comunitários de saúde nos próximos dois anos a fim de impulsionar o progresso rumo às metas 90-90-90 — ter 90% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; que destas, 90% estejam em tratamento; e que 90% desse grupo em tratamento tenha carga viral indetectável. — e estabelecer as bases para uma saúde sustentável para todos.
As consultas geraram grande apoio para que o UNAIDS estabeleça uma nova coalizão internacional de trabalhadores comunitários de saúde até meados de 2017. Essa coalizão ajudará a estimular a criação de associações nacionais de trabalhadores comunitários de saúde, a apoiar sua harmonização e formalização, defender ações de suporte a esses trabalhadores e prover uma plataforma unificadora.
Como um próximo passo, foi acordado que o UNAIDS levantará contribuições de trabalhadores comunitários de saúde nos países sobre a visão, missão e estrutura da coalizão. O UNAIDS vai liderar um esforço global para mobilizar recursos para um fundo de emergência cujo objetivo será apoiar iniciativas nacionais para os trabalhadores comunitários de saúde e para incorporá-los como membros formais integrantes do sistema de saúde.
As consultas foram financiadas com recursos de Luxemburgo. O Earth Institute da Universidade de Columbia (EUA) e a Associação Internacional de Provedores de Cuidados para a AIDS (IAPAC, em inglês) foram os co-organizadores.
Citações
“Trabalhadores comunitários de saúde são um elemento-chave das ações para o alcance das metas 90-90-90. Atualmente, entretanto, ninguém cuida diretamente da agenda do trabalhador comunitário de saúde e ninguém está pagando por isso.”
Jeffrey Sachs– Diretor do The Earth Institute, Universidade de Columbia (EUA)
“Nós vamos acabar com a AIDS se nós alcançarmos as metas 90-90-90, caso contrário, haverá uma retomada da epidemia. Ações reais no nível comunitário serão cruciais para alcançar as metas 90-90-90. Recrutando pelo menos 2 milhões de novos trabalhadores comunitários de saúde, a resposta à AIDS pode gerar benefícios que irão além da epidemia da AIDS.”
Badara Samb – Chefe do Escritório de Iniciativas Especiais do UNAIDS
“Trabalhadores comunitários de saúde estão trabalhando em mais de 95% dos 5.500 municípios do Brasil. Na minha opinião, todas as melhorias que temos visto na saúde nas últimas duas décadas estão ligadas às práticas dos trabalhadores comunitários de saúde. Eles entendem a cultura local. Eles vão até as casas das pessoas para educá-las em relação à saúde e para prestar os serviços de saúde.”
Francisco Eduardo de Campos, Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS)
“Quando o HIV explodiu nos nossos países, foi a comunidade que proveu os cuidados e tratamento. Frequentemente, entretanto, os trabalhadores comunitários de saúde são tratados como um aplicativo para celulares. Os governos, por vezes, acreditam que eles podem ligar e desligar os trabalhadores comunitários de saúde como um aplicativo, mas os trabalhadores comunitários de saúde devem ser integrados como parte do sistema de saúde.”
Kenly Sikwese – Conselho Consultivo da Comunidade Africana e Co-Presidente do Comitê Consultivo de Ciência e Tratamento do UNAIDS