Foco em saúde e direitos de mulheres e meninas adolescentes é crucial para o fim da AIDS até 2030

Em um evento paralelo à Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, na Suíça, os participantes instaram os países a acabarem com a desigualdade de gênero na resposta ao HIV, colocando mulheres e adolescentes na Resposta Acelerada para o fim da epidemia de AIDS.

Lorena Castillo de Varela,  primeira-dama do Panamá e Embaixadora Especial do UNAIDS na América Latina, foi a anfitriã do evento. Ela destacou a importância de as mulheres assumirem papéis de liderança para que o desenvolvimento de programas e políticas esteja ajustado às suas necessidades.

“O acesso limitado a cuidados de saúde e à educação, juntamente com sistemas e políticas que não atendem às necessidades das jovens, são obstáculos que impedem as adolescentes e as mulheres de se proteger contra o HIV, especialmente na transição para a idade adulta” disse a Embaixadora do UNAIDS. “Para reduzir as infecções por HIV e as mortes relacionadas à AIDS, devemos promover a igualdade de gênero e o empoderamento e a autonomia das mulheres, garantindo que as meninas possam tomar decisões independentes sobre sua própria saúde e possam ser capazes de viver livres de todas as formas de violência.”

“Se quisermos o fim da epidemia da AIDS até 2030 como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o mundo deve adotar uma abordagem centrada nas pessoas, que consagre o direito das mulheres e meninas de tomarem decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar, incluindo a sua sexual saúde e seus direitos. “

Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS

O evento paralelo de alto nível focou em três temas: a eliminação de novas infecções por HIV entre as crianças, a prevenção do HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens e o acesso ao tratamento de HIV para todas as pessoas.

O envolvimento e a capacitação das mulheres como líderes, fomuladoras de políticas, implementadoras e apoiadoras de outras mulheres, associado ao aumento do acesso ao tratamento e à prevenção eficaz do HIV,  tem se revelado essencial para o sucesso dos esforços globais na eliminação das novas infecções por HIV entre crianças, número que já foi reduzido em mais da metade – de 520 mil em 2000, para 220 mil em 2014 em todo o mundo. Esta abordagem abrangente e inclusiva agora tem de ser ampliada, de modo a alcançar todas as pessoas vivendo com HIV, incluindo mulheres jovens e meninas.

“Precisamos de uma abordagem combinada e holística e de intervenções que ofereçam suporte para adolescentes e mulheres”, disse a ativista de HIV do Salamander Trust, Angelina Namiba. “É crucial que as mulheres vivendo com HIV estejam significativamente e diretamente envolvidas em todas as fases dessas intervenções, desde a concepção até a prestação final de serviços.”

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O evento paralelo de alto nível foi concentrado em três tópicos: eliminação de novas infecçõe spor HIV entre crianças, prevenção para adolescentes e jovens mulheres e acesso universal ao tratamento. Foto: UNAIDS

Globalmente, a AIDS ainda é a principal causa de morte entre mulheres em idade reprodutiva. Em 2014, foram cerca de 220 mil novas infecções pelo HIV entre adolescentes (com idades entre 15 a 19 anos) no mundo, com as meninas representando 62% deste número. A AIDS foi a principal causa de morte de jovens na África Subsariana em 2014.

Violência e desigualdade de gênero, normas de gênero nocivas, estigmatização e discriminação muitas vezes impedem as mulheres e meninas de conhecerem seu estado sorológico e de buscarem acesso aos serviços adequados de prevenção e tratamento do HIV. Estima-se que, entre as 670 mil meninas adolescentes com idade entre 15 e 19 anos que vivem com HIV, apenas uma em cada cinco sabe que é soropositva.

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Michel Sidibé fala sobre a injustiça sofrida por meninas e mulheres que as impedem de alcançar a informação e os serviços que poderiam mantê-las livres do HIV e dar-lhes o acesso ao tratamento. Foto: UNAIDS

A abordagem de Aceleração da Resposta do UNAIDS se concentra em garantir que, até 2020, pelo menos 90% das adolescentes, mulheres jovens e dos homens (assim como outros grupos em maior risco de infecção) tenham acesso à prevenção do HIV, a serviços de saúde, a direitos sexuais e reprodutivos e que sejam capacitados e empoderados com as qualificações e os conhecimentos para se protegerem do HIV.

Além do intensificação da prevenção, a ampliação do acesso ao tratamento do HIV é crítica. A estratégia 2016-2021 do setor de estratégia de saúde global sobre o HIV da Organização Mundial da Saúde (OMS), sob discussão na Assembleia Mundial da Saúde desta semana, reitera as metas 90-90-90 de tratamento do UNAIDS de que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que 90% deste grupo esteja retido em tratamento; e que 90% das pessoas em tratamento alcancem o nível indetectável para sua carga viral.

Para que estas metas sejam alcançadas, modelos inovadores de prestação de serviços serão fundamentais a fim de garantir que adolescentes e jovens sejam diagnosticados precocemente, que tenham acesso aos serviços de saúde e que consigam aderir ao tratamento para que se mantenham saudáveis. Estes serviços devem ser acessíveis, viáveis e sensíveis às necessidades de mulheres e meninas. Outras metas da Resposta Acelerada incluem: menos de 500 mil novas infecções por ano até 2020 e zero discriminação.

Suíça e Zâmbia, que estão entre os patrocinadores do evento em Genebra, serão co-facilitadores da Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre o fim da AIDS. Os dois países serão responsáveis por levar adiante o resumo dos resultados do evento paralelo da Assembléia Mundial da Saúde para ajudar a informar as discussões da Reunião de Alto Nível que acontecerá em Nova York entre 8 e 10 de junho de 2016.

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“Além de irem até os serviços de saúde procurando cuidados para si, muitas mulheres brasileiras também procuram atendimento para seus filhos ou outros familiares. Há uma interligação entre cuidar de si mesma e dos outros, com as mulheres desempenhando o papel de cuidadoras de suas famílias e comunidades.” Ricardo Barros, Ministro da Saúde do Brasil. Foto: UNAIDS

Outras citações dos participantes

 

“O que deve mudar é a garantia de acesso às formas de prevenção, diagnóstico, cuidados e tratamento para todos, especialmente em relação às mulheres jovens e às populações mais vulneráveis.”

Adalberto Campos Fernandes, Ministro da Saúde de Portugal

“Antes de implementarmos o programa de prevenção da transmissão de mãe para filho, tivemos 70 mil infecções em crianças – número que caiu para menos de 7 mil. Apesar desta diminuição, o trabalho ainda está incompleto – temos que chegar mais próximo de zero novas infecções e estamos trabalhando duro para conseguir isso.”

Aaron Motsoaledi, Ministro da Saúde da África do Sul

“Estou certa de que todos concordam que a adolescência é um período frágil na vida de uma menina, quando as mudanças físicas, emocionais e sociais significativas começam a moldar o seu futuro. Mas a adolescência também é um ponto ideal para alavancarmos os esforços de desenvolvimento e de diplomacia, quebrando os ciclos de pobreza e violência, para mantermos as meninas na escola, investindo em seu futuro. Estou confiante de que podemos colocar as mulheres e meninas na Resposta Acelerada para o fim da epidemia de AIDS em um futuro muito próximo.”

Embaixadora Pamela Hamamoto, Estados Unidos da América

“É uma injustiça que mulheres e meninas sejam impedidas de alcançar a informação e os serviços que poderiam mantê-las livres do HIV e dar-lhes o acesso ao tratamento. Se quisermos o fim da epidemia da AIDS até 2030 como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o mundo deve adotar uma abordagem centrada nas pessoas, que consagre o direito das mulheres e meninas de tomarem decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar, incluindo a sua sexual saúde e seus direitos. “

Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS

“Este é um evento paralelo extremamente importante É sobre o fim da epidemia de AIDS e um grupo de trabalho muito importante: adolescentes. Se negligenciarmos esta faixa etária, não seremos capazes de alcançar o nosso objetivo de acabar com a epidemia de AIDS até 2030. Quero parabenizá-los por trabalharem não somente nesta questão, mas também na eliminação da transmissão do HIV de mãe para filho. Isso será decisivo para o fim da epidemia.” Margaret Chan, Diretora-Geral da Organização Mundial da Saúde

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