Acabar com a AIDS até 2030 passa pela zero discriminação e pelo fim das desigualdades

Em 2023, o UNAIDS marca o Dia de Zero Discriminação com o tema “Descriminalizar salva vidas”. O objetivo é mostrar que a criminalização de populações-chave e pessoas vivendo com HIV – infelizmente uma realidade em 134 países – amplia o estigma, a discriminação e as desigualdades estruturais que retiram dessas pessoas a perspectiva de uma vida saudável e produtiva. É por isso que a descriminalização salva vidas e colabora para a meta de acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030.

Realidade brasileira

O Brasil é considerado um exemplo mundial ao oferecer o acesso gratuito, pelo sistema público de saúde, aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV e da AIDS.

Entretanto, embora não haja a criminalização de pessoas vivendo com HIV, as desigualdades, reforçadas pelo estigma e a discriminação, atuam como elementos determinantes na geração de barreiras sociais que dificultam ou impedem pessoas em maior vulnerabilidade de acessar os serviços de resposta ao HIV.

  • Cards da campanha 2023 do Dia de Zero Discriminação
  • Cards da campanha 2023 do Dia de Zero Discriminação
  • Cards da campanha 2023 do Dia de Zero Discriminação
  • Cards da campanha 2023 do Dia de Zero Discriminação
  • Cards da campanha 2023 do ZDD

Por outro lado, quando se fala em desigualdades é importante entender que elas se cruzam e aumentam seu impacto negativo sobre as pessoas. Por exemplo, uma mulher trans, negra, vivendo com HIV e em situação de rua sente sobre si um acúmulo de desigualdades que praticamente a impossibilita de acessar os serviços de atenção ao HIV que poderiam lhe garantir uma vida saudável.

Índice de Estigma UNAIDS

De acordo com o Índice de Estigma, lançado em 2019, 8,3% das pessoas relataram que profissionais de saúde minimizaram o contato físico ou tomaram precauções extras porque a pessoa a ser atendida vivia com HIV.

Por sua vez, 7,8% das pessoas entrevistadas tiveram atendimento odontológico recusado porque tinham diagnóstico positivo para o HIV.

Outros dados do Índice de Estigma:

  • 64,1% das pessoas entrevistadas já́ sofreram alguma forma de estigma ou discriminação pelo fato de viverem com HIV ou com AIDS;
  • 46,3% já foram afetadas por comentários discriminatórios ou especulativos; 
  • 25,3% sofreram assédio verbal; 
  • 19,6% perderam a fonte de renda ou emprego; 
  • 6% passaram, inclusive, por agressões físicas.

Estes são apenas alguns exemplos que explicam por que no Brasil estima-se que 27% das pessoas vivendo com HIV ainda não recebam o tratamento antirretroviral.

Neste sentido, é preciso avançar mais nos mecanismos que permitam o diagnóstico no tempo adequado, a imediata adesão ao tratamento antirretroviral e ao acompanhamento de saúde e a prestação de um atendimento com zero discriminação nos serviços de saúde e de assistência social.

Curso MOOC Zero Discriminação

O UNAIDS, em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), lançou o curso Zero Discriminação e HIV/AIDS, disponível na plataforma Lumina, da UFRGS.

O curso, que é gratuito e direcionado a profissionais da saúde e da proteção social, pode ser acessado por qualquer pessoa que queira ter acesso a um conteúdo dinâmico e baseado em evidências.

Como resultado, o objetivo do curso é aprofundar o conhecimento sobre a epidemia de HIV/AIDS a fim que haja um melhor preparo para a garantia da zero discriminação.

Você pode conferir o material da campanha em inglês, espanhol, português, francês e russo, aqui.

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