Fast-Track Cities: no Rio Grande do Sul, gestantes recebem apoio para evitar a transmissão vertical do HIV

A rotina de uma gestante exige múltiplos cuidados – com a alimentação, o sono, o aspecto emocional e, principalmente, com a saúde. Para Cristina Ávila, mãe de Lauanda e Valentina, que descobriu seu diagnóstico positivo para o HIV há 17 anos, este aspecto era particularmente importante. “Quando descobri a gravidez, fui direto no serviço de saúde e comecei o pré-natal. Deixava todos os documentos na frente da geladeira para sempre lembrar”, explica.

Cristina foi uma das gestantes acompanhadas pela ONG Casa Fonte Colombo, que desenvolveu o projeto “Mãe Acompanhada, bebê protegido”, contemplado pelo edital Fast-Track Cities, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). O projeto se desenvolveu em Porto Alegre e Viamão, no Rio Grande do Sul, cidades que apresentam índices mais altos de transmissão vertical que a média nacional.

Segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2022 do Ministério da Saúde, Porto Alegre é a capital com a maior taxa de detecção de HIV em gestantes: são 17,1 casos por mil nascidos vivos, quase seis vezes a taxa nacional, que é de 3 casos/mil NV, e duas vezes a do estado do Rio Grande do Sul, que é de 8,4 casos/mil NV.

“Porto Alegre apresenta, historicamente, um cenário epidemiológico impactante em relação à transmissão vertical de HIV e sífilis. Projetos como o desenvolvido pela Casa Fonte Colombo são importantes para a melhoria deste cenário”, destaca Denise Pedroso, médica ginecologista e obstetra responsável pelo eixo da prevenção da transmissão vertical na Coordenação de atenção a Tuberculose, IST/HIV e hepatites virais (CAIST) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.

A médica Maria Leticia Ikeda, membro das Coordenações do Programa Estadual de IST/Aids da SES/RS e do Programa Municipal de Viamão, concorda que o projeto desenvolvido pela Fonte Colombo ajudou a fortalecer a ação do estado e dos municípios para suprir lacunas. “Houve uma contribuição para a redução de barreiras de acesso, disseminação de informação qualificada e promoção de saúde nos territórios de maior vulnerabilidade social.”

Gestantes que vivem com HIV podem evitar a transmissão vertical, que é quando o HIV é transmitido para a criança durante a gestação, parto ou amamentação. Para isso, é fundamental que realizem o pré-natal.

O projeto “Mãe Acompanhada, bebê protegido” teve como objetivo apoiar e acompanhar gestantes por meio de uma rede de apoio formada pela ONG. A Casa Fonte Colombo conta com 149 pessoas usuárias que participam das atividades da organização. Estas pessoas também assumem o papel de mapear gestantes em suas comunidades e trazê-las para o projeto.

Para isso, houve a realização de ações de sensibilização sobre Transmissão Vertical do HIV e Sífilis e distribuição de sete mil exemplares de uma cartilha com orientações sobre os cuidados na gestação.

“Atuamos com essas pessoas que não têm acesso à rede de saúde. Por isso, sair dos muros e ter um olhar amplo foi importante para iniciar esse processo de vinculação das gestantes aos serviços de saúde e evitar a transmissão vertical”, explica Cristiane Marins, coordenadora de Projetos Sociais da Casa Fonte Colombo.

Oitenta gestantes receberam acompanhamento e vinculadas ao serviço de saúde. Desse total, 72 completaram o pré-natal, enquanto outras oito permanecem em acompanhamento. No oitavo mês de gestação, a ONG doou um enxoval de bebê (banheira, roupas, toalha, cobertor, travesseiro, fraldas, mamadeira) para cada gestante acompanhada.

“O projeto desenvolvido pela Fonte Colombo é um exemplo do que acontece quando a sociedade civil, gestão municipal e comunidades trabalham conjuntamente para que todas as pessoas consigam, de fato, acessar os serviços de saúde”, completa Ariadne Ribeiro, oficial do UNAIDS de Equidade e Direitos para Todos.

Edital Fast-Track Cities

Com o objetivo de apoiar financeiramente projetos desenvolvidos por OSC que atuam na resposta ao HIV em algumas das 15 cidades participantes da iniciativa, o Edital Fast-Track Cities seleciona projetos com base nos dados do Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2021, do Ministério da Saúde. 

A iniciativa Fast-Track Cities é uma parceria global conjunta entre municípios e a Associação Internacional de Provedores de Cuidados com a AIDS (IAPAC), o UNAIDS, o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e a Cidade de Paris. 

Abaixo, o UNAIDS apresenta o vídeo sobre o projeto “Mãe acompanhada, bebê protegido”, nas cidades de Porto Alegre e Viamão, no Rio Grande do Sul.

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