UNAIDS dá boas-vindas a nova ferramenta de prevenção de HIV para gays, HSH e mulheres trans

O UNAIDS dá boas-vindas ao anúncio de que o cabotegravir injetável de ação prolongada é seguro e eficaz na prevenção do HIV entre gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans. O estudo da Rede de Ensaios de Prevenção ao HIV (HPTN) 083 convocou quase 4.600 pessoas que não vievm com HIV de mais de 40 locais na América do Norte e do Sul, da Ásia e da África.

“Esta é uma inovação que terá um impacto significativo na vida de homens gays e outros homens que fazem sexo com homens e mulheres trans quando estiverem em maior risco de infecção pelo HIV”, disse Shannon Hader, vice-diretora executiva do UNAIDS. “Estamos muito satisfeitos com o fato de o estudo ter alcançado suas metas de recrutar um número substancial de homens negros mais jovens que fazem sexo com homens e mulheres trans, as mesmas pessoas para quem o acesso à prevenção eficaz do HIV ainda permanece um enorme desafio.”

O UNAIDS estima que tenham ocorrido 1,7 milhão de novas infecções por HIV em 2018, 54% das quais entre as populações-chave, incluindo gays e outros homens que fazem sexo com homens, mulheres trans, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas e pessoas em situação de prisão.

A profilaxia pré-exposição (PrEP) – medicamento antirretroviral usado por pessoas que não vivem com HIV para prevenir a infecção pelo vírus – é um elemento importante no kit de ferramentas de prevenção combinada do HIV. A PrEP permite que as pessoas reduzam o risco de serem infectadas pelo HIV, particularmente durante períodos de risco aumentado em suas vidas. Também pode fornecer segurança e reduzir a ansiedade quando os riscos são incertos.

Depois de sua aprovação regulatória, e quando a produção de cabotegravir acessível puder ser ampliada, gays e outros HSH terão a opção de três maneiras altamente eficazes de usar a PrEP para prevenir a infecção pelo HIV: pílulas diárias, pílulas tomadas antes e depois da atividade sexual (PrEP sob demanda) ou uma injeção a cada dois meses. As mulheres trans poderão escolher entre injeções ou pílulas diárias, uma vez que a Organização Mundial da Saúde não recomenda estratégia de uso da PrEP sob demanda devido a possíveis interações medicamentosas com alguns hormônios. As injeções de cabotegravir a cada dois meses são uma opção importante para as pessoas que acham difícil tomar uma pílula todos os dias, mas permanecem vulneráveis ​​à infecção pelo HIV.

O experimento estava programado para continuar por pelo menos mais um ano, mas a primeira análise intermediária dos dados foi antecipada em algumas semanas devido à possível interrupção que a pandemia de COVID-19 pode causar a procedimentos de teste clínico de alta qualidade. O Data and Safety Monitoring Board, DSMB (Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança, na tradução para o português), nos Estados Unidos, revisou os dados até março de 2020 e descobriu que já havia evidências claras de que o cabotegravir era altamente eficaz e não inferior ao regime de PrEP oral atualmente recomendado.

Metade do grupo de estudo recebeu PrEP oral e foi injetado com placebo; a outra metade recebeu uma injeção de cabotegravir e tomou uma pílula de placebo. O estudo encontrou um total de 12 infecções por HIV no grupo que usava o injetável, em comparação com 38 no grupo que tomava a pílula diária. Os efeitos colaterais de ambos os tratamentos foram relativamente leves, com apenas 2,2% das pessoas no grupo de injeção optando por parar de tomar as injeções devido a reações dolorosas. O DSMB, portanto, recomendou que o estudo fosse interrompido e que todos os participantes fossem notificados do resultado. Os participantes poderão escolher em qual regime desejam continuar.

Apesar da boa adesão no grupo oral e de poucas interrupções no grupo de injeção, a incidência geral de infecção pelo HIV no estudo foi de 0,79 por 100 pessoas-ano. As análises planejadas irão explorar por que essas 50 infecções ocorreram entre os 4.565 participantes do estudo.

Um estudo adicional (HPTN 084) está em andamento para estabelecer a eficácia do medicamento injetável de longa duração em mulheres não transgêneros. Até o momento, mais de 3.000 mulheres sexualmente ativas em sete países africanos se inscreveram para o estudo. Esses resultados são esperados para novembro.

“Estamos aguardando ansiosamente os resultados do estudo HPTN 084 em andamento entre mulheres africanas”, disse Hader. “Esperamos que, até o final deste ano, haja igualmente boas notícias para as mulheres em todo o mundo.”

O HTPN 083 foi conduzido pela HPTN e financiado pela ViiV Healthcare e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. O cabotegravir ainda não foi aprovado para o tratamento ou prevenção do HIV como agente único pelas autoridades reguladoras em qualquer parte do mundo. A ViiV Healthcare planeja usar os dados do HPTN 083 para envios regulatórios futuros.

O UNAIDS parabeniza as equipes de pesquisa e pede investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento para vacinas, diagnósticos, medicamentos preventivos, tratamento e cura.

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