“De nada!”

Sunny Dawson (nome fictício) pulou de alegria quando recebeu o seu medicamento de Bai Hua. “Você é um anjo enviado por Deus”, disse ele a Bai. Dawson é professor de inglês em uma escola de uma pequena cidade no norte da China. Em janeiro, ele saiu de férias e foi a seu país natal, no sudeste da Ásia, mas sua jornada de volta a China acabou não sendo tão fácil quanto a sua partida.

O surto de coronavírus, iniciado em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei (região central da China), rapidamente se espalhou por todo o país e impôs grandes desafios na vida de todos. Porém, por ser uma pessoa vivendo com HV, os desafios provavelmente foram ainda maiores para ele.

Correndo de volta para a China

As notícias sobre o surto na China chegaram às manchetes de seu país de origem durante suas férias. “Toda a minha família se opôs à minha volta para a China”, disse ele. Mas ele amava o país e queria voltar. “Eu precisava voltar antes que os voos parassem”, disse ele. Sua família aceitou, e antes de sua partida, seu pai lhe deu uma bolsa com máscaras faciais para proteger-se.

Ele pensou que estava totalmente preparado para regressar, mas quando seu voo pousou, ele notou que as coisas estavam diferentes. Todos os passageiros tiveram que verificar a temperatura corporal, um por um. Dawson estava vestindo roupas pesadas naquele dia e estava suando um pouco — sua temperatura era de 37,6 ° C. Ele e alguns outros passageiros foram enviados para um hospital próximo para realizar mais testes.

Os resultados dos seus testes para a COVID-19 deram negativos e, logo após isso, foi informado pelo Diretor da escola que a pequena cidade em que trabalhava havia sido colocada em quarentena — ele não podia voltar para onde trabalhava e morava.

Sendo uma pessoa que vive com HIV, ele precisa fazer o uso diário de medicamentos antirretrovirais, mas havia levado para suas férias apenas medicamento suficiente para uma semana, os quais já estavam terminando.

A aliança BaiHuaLin para pessoas vivendo com HIV chega para ajudar

Sunny Dawson se recordou de Bai Hua, o fundador da aliança BaiHuaLin, uma organização comunitária dedicada a apoiar as pessoas que vivem com HIV, incluindo suporte com o fornecimento de medicamento extra. BaiHuaLin foi a organização que deu suporte a Dawson, quando ele estava sozinho e assustado após ter sido diagnosticado com HIV um ano antes.

O surto de coronavírus deixou muitas pessoas, como Dawson, sob o risco de ficarem sem os remédios, pois estavam afastadas dos serviços que entregavam os medicamento para HIV. A aliança BaiHuaLin ajuda as pessoas que precisam de remédios para HIV, a obter seus estoques usando uma extensa rede de voluntários que abrange todo o país e se estende globalmente. “Muitas pessoas precisam de estoques para reserva hoje em dia. Estamos terrivelmente ocupados”, disse Bai Hua (Fundador da Aliança BaiHuaLin).

Quando Bai Hua recebeu o pedido de ajuda de Dawson, ele pediu que ele fosse ao seu escritório imediatamente, para pegar a medicação que ele havia solicitado, e suficiente para sete dias. No entanto, apenas alguns dias depois ele teve que voltar para receber mais pois sua estadia em Pequim havia sido prolongada indefinidamente. “Meus colegas me disseram para não voltar no futuro próximo porque as lojas estão fechadas sob a quarentena”, disse Dawson. Desta vez, Bai Hua deu a ele medicamentos para um mês.

Uma forte parceria

O escritório do UNAIDS na China também sentiu o impacto do surto de COVID-19 em relação às pessoas vivendo com HIV. “Recebemos mensagens nas mídias sociais de pessoas vivendo com HIV, expressando sua frustração e desolação, e buscando por ajuda”, disse um funcionário do UNAIDS.

Por conta do estigma, quando se deparam com o risco de interrupção dos medicamentos antirretrovirais, as pessoas que vivem com HIV escolhem manter a ansiedade em sigilo, com medo de revelar seu estado sorológico positivo para o HIV. “Algumas pessoas dizem que preferem morrer a revelar seu estado sorlógico para o HIV”, diz Bai Hua. “Uma pessoa fugiu de sua vila e caminhou 30 quilômetros para conseguir o medicamento.”

O escritório nacional do UNAIDS na China tem trabalhado para garantir que os direitos das pessoas que vivem com HIV sejam totalmente protegidos. Além de fornecer informações, o UNAIDS também trabalha ativamente com o governo e organizações comunitárias, a fim de garantir que as pessoas que vivem com HIV recebam seu estoque de medicamentos.

Formas especiais de envios e recebimentos de remessas de medicamentos para HIV foram organizadas pelo UNAIDS e alcançaram mais de 6000 pessoas vivendo com HIV na cidade de Wuhan, na China.

O melhor ainda está por vir

Dawson finalmente voltou para a pequena cidade no norte da China, depois de ficar em Pequim por mais de duas semanas. Ainda em quarentena, ele se lembrou de um senhor de idade que ficava em um parque próximo ao seu apartamento. “Ele era meu professor de caligrafia. Sempre ia ao parque e escrevia caligrafia chinesa no chão”, disse ele. O senhor deu a Sunny Dawson um pedaço de caligrafia, em uma linda moldura, que agora está pendurado na parede da sua sala de estar.

“Estou ansioso pelo dia em que o vírus termine”, disse, “para que eu possa visitar meus amigos novamente e para aprender caligrafia no parque”.

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