Defendendo serviços de saúde livres de discriminação no Quênia

Como muitas mulheres na África Subsaariana, as mulheres no Quênia são desproporcionalmente afetadas pelo HIV. Em 2016, 34 mil mulheres adultas foram infectadas com o HIV, em comparação com 22 mil homens adultos. Entre as 1,6 milhão de pessoas que vivem com HIV no país, 910 mil são mulheres adultas. 

 As mulheres também enfrentam desafios com questões de saúde sexual e reprodutiva, como o acesso limitado ao planejamento familiar, e o estigma e discriminação quando procuram serviços. 

 Para identificar soluções para esses desafios enfrentados por mulheres no Quênia, a organização não governamental Women Fighting AIDS in Kenya (Mulheres na Luta Contra a AIDS, traduzido para o português) realizou um seminário nos dias 25 e 26 de abril em Nairobi, Quênia, sobre o avanço da saúde sexual e reprodutiva e dos direitos das mulheres vivendo com HIV. Mais de 30 mulheres vivendo com HIV de todo o país reuniram-se com representantes do governo, sociedade civil e agências das Nações Unidas para avaliar e decidir um caminho para a implementação da Guia consolidada sobre saúde sexual e reprodutiva e direitos das mulheres vivendo com HIV/AIDS, da Organização Mundial da Saúde. 

 “Uma abordagem centrada nas mulheres deve orientar uma prestação de serviços mais adequada para as mulheres que vivem com HIV”, disse Dorothy Onyango, co-fundadora da ONG Women Fighting AIDS in Kenya, no início da reunião. 

 Para orientar a implementação efetiva da diretriz em âmbito nacional, a Salamander Trust, com apoio da Organização Mundial da Saúde, desenvolveu um checklist para apoiar as mulheres que vivem com HIV na organização e coordenação de sua própria defesa, assegurando um engajamento significativo. A lista foi usada pela primeira vez no Quênia e será lançada em outros países. 

 Durante a reunião, Rukia Ahmed, Fundadora e Presidente de uma rede de apoio à mulheres muçulmanas que vivem com HIV no nordeste do Quênia, disse: “A maioria das mulheres só descobre seu estado sorológico para o HIV quando estão grávidas ou muito doentes. Confidencialidade é um problema. Quando seu estado sorológico é revelado, algumas não são aceitas pela família, levando ao isolamento.” 

 Rukia Ahmed vai defender serviços de saúde livres de discriminação. “Vou visitar hospitais distritais e aumentar a conscientização entre profissionais de saúde e grupos de apoio sobre o direito à serviços de saúde livres de estigma. É possível mudar,” disse ela. 

 “O que chamou minha atenção foi a mensagem de que, como mulheres vivendo com HIV, precisamos nos aceitar e nos amar primeiro. Como resultado, conseguiremos lutar por nossos direitos”, disse Joyce Ouma, da Sauti Skika, uma rede de jovens que vivem com HIV. 

 Essa é uma mensagem que a Ouma espera trazer aos seus pares. “Inicialmente, engajei-me em advocacy porque considerava como minha obrigação. Agora estou engajada porque estou motivada e sei que é importante para mim”, disse ela. 

 Ao final da reunião, Jantine Jacobi, Diretora do UNAIDS no Quênia, disse: “Precisamos ouvir as experiências das mulheres vivendo com HIV para garantir que os serviços atendam as suas necessidades.” 

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