Verificando os dados sobre HIV

Nenhuma infecção tem o mesmo nível de coleta de dados, análise e distribuição que o HIV. Com dados confiáveis ​​e atualizados, os países e a comunidade internacional podem planejar respostas efetivas à AIDS e concentrar os serviços nos locais e populações que mais precisam, aumentando o impacto e diminuindo os custos.

A responsabilidade de produzir o que é reconhecido como a informação padrão-ouro sobre a epidemia global do HIV é do UNAIDS. Porém, para a informação ser útil, ela deve ser confiável. E, para ser confiável, deve ser coletada adequada e cuidadosamente, verificada e comprovada.

Todas as estimativas relacionadas ao HIV publicadas pelo UNAIDS são baseadas em dados coletados nos países e comunidades onde residem as pessoas vivendo com HIV e afetadas pelo vírus. Em cada país, equipes de especialistasepidemiologistas, demógrafos, especialistas em monitoramento e avaliação e outrosusam o software do UNAIDS chamado Spectrum uma vez por ano para fazer estimativas do número de pessoas vivendo com HIV, do número de novas infecções por HIV, do número de mortes relacionadas à AIDS, da cobertura da terapia antirretroviral, etc. Os dados produzidos pelo software nos países são, então, enviados ao UNAIDS.

A maneira como os dados são estimados dependem da natureza da epidemia de HIV no país. Nos países onde o HIV se espalhou para a população em geral, os dados são obtidos de mulheres grávidas que frequentam clínicas pré-natais. No passado, apenas uma amostra de mulheres grávidas que frequentavam uma rede de clínicas seria testada para o HIV como parte dos esforços de vigilância. Cada vez mais, porém, os países passaram a usar dados programáticos sobre o nível de infecção pelo HIV entre todas as mulheres grávidas testadas em unidades de saúde. Esses dados, combinados com levantamentos populacionais representativos dos paísesque têm cobertura mais ampla e incluem homens, mas são conduzidos com menos frequênciasão usados ​​no modelo, juntamente com um conjunto de premissas, para calcular a prevalência e a incidência do HIV, além das mortes relacionadas à AIDS, da cobertura da terapia antirretroviral e muito mais.

Outros países têm epidemias de HIV em níveis menores. Se a transmissão do HIV ocorre principalmente entre populações chave (pessoas que usam drogas injetáveis, profissionais do sexo, homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e pessoas privadas de liberdade), os dados dos estudos de prevalência do HIVque geralmente são focados em populações-chavesão usados mais frequentemente para calcular estimativas e tendências nacionais. Estimativas sobre a dimensão das populações-chave estão sendo calculadas em mais países. Se estudos não estiverem disponíveis, as estimativas são feitas com base em dados da região local e em acordo com os especialistas. Outras fontes de dadosincluindo pesquisas populacionais e a testagem entre mulheres grávidassão usadas para estimar a prevalência do HIV na população em geral. A prevalência do HIV e o número de pessoas em terapia antirretroviral são usados para calcular os rumos nacionais do HIV. Cada vez mais países estão usando o número de dados duplicados entre relatórios de casos de HIV para estimar a incidência do vírus.

No entanto, o UNAIDS não apenas coleta dados de países indiferentemente e os publica. Os arquivos enviados pelos países são analisados ​​pelo UNAIDS para garantir que os resultados sejam comparáveis ​​entre regiões, países e ao longo do tempo.

Também acontece a validação contínua dos resultados do Spectrum com outros dados para verificar como as estimativas correspondem à realidade. Por exemplo, os pesquisadores compararam dados do Spectrum com dados sobre mulheres atendidas em clínicas pré-natais, dados do censo e dados de pesquisas populacionais de um estudo em Manicaland, Zimbábue. As estimativas sobre incidência e prevalência do HIV feitas pelo Spectrum foram, em geral, compatíveis com os dados, embora algumas discrepâncias tenham sido encontradas.

Em 2016, o UNAIDS comparou as quantidades de medicamentos exportados pelos produtores de remédios genéricos e descobriu que eles são muito semelhantes aos relatórios programáticos do uso dos medicamentos e dos estoques dos países. Além disso, as recentes Avaliações de Impacto do HIV Baseadas em População permitem uma comparação da cobertura do tratamento antirretroviral, uma vez que coletam dados sobre a adesão ao tratamento auto-relatada e também medem a presença de medicamentos antirretrovirais diretamente nas amostras de sangue. Em muitos países, os resultados da cobertura confirmam a cobertura relatada pelos dados programáticosem casos em que os resultados parecem divergir, são realizadas investigações adicionais no nível das unidades. Tais pesquisas e triangulações ajudam a tornar os dados mais precisos e refinam o modelo do Spectrum.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As estimativas sobre o acesso aos medicamentos antirretrovirais podem ser vistas nos dois gráficos sobre o tratamento do HIV na África do Sul. O primeiro  gráfico mostra como os dados de aquisição de medicamentos antirretrovirais estão próximos ao número de pessoas que relataram ter acesso aos medicamentos. O segundo gráfico mostra como a estimativa percentual do UNAIDS de pessoas que vivem com HIV e têm acesso ao tratamento está de acordo com o percentual estimado pelo Conselho de Pesquisa de Ciências Humanas da África do Sul em 2012.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Existem várias situações em que o UNAIDS não publica dados, devido à incerteza da qualidade das informações. Por exemplo, o UNAIDS não fornece estimativas em alguns países que possuem epidemias concentradas de transmissão vertical, a menos que haja evidência de suporte adequada. Quando os dados históricos não conseguem endossar tendências sobre a incidência do HIV, o UNAIDS não publica os dados do passado. Além disso, o UNAIDS também não publica dados de estimativas nacionais se análises mais detalhadas são necessárias para a produção de estimativas válidas.

A integridade dos dados do UNAIDS também é assegurada por meio de uma atualização anual do Spectrum. O modelo é refinado à medida que novos dados são disponibilizados, assim como informações atualizadas sobre as probabilidades de transmissão do HIV de mãe para filho, a idade em que as crianças iniciam a terapia antirretroviral, os padrões de infecção por HIV de acordo com idade e sexo, a eficácia da terapia antirretroviral na redução da mortalidade e da incidência, etc. Essas mudanças no modelo podem, no entanto, causar mudanças nas estimativas para o ano vigente e para os anos anteriores, resultando na necessidade de emitir uma nova publicação como complemento aos dados históricos de cada ano.

Ao aperfeiçoar continuamente o processo de coleta e validação de dados, o UNAIDS está certificando-se de que os dados publicados continuem a ser valorizados e respeitados pelas pessoas e organizações que estão trabalhando para acabar com a AIDS até 2030.

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