Cerca de 21 milhões de pessoas vivendo com HIV estão em tratamento, diz novo relatório global do UNAIDS

O tratamento para o HIV tem registrado progressos notáveis. É o que mostra o novo relatório global divulgado pelo UNAIDS às vésperas do Dia Mundial contra a AIDS (1º de dezembro). O documento destaca o aumento significativo no acesso ao tratamento antirretroviral ao redor do mundo. Enquanto em 2000, apenas 685 mil pessoas vivendo com HIV tinham acesso ao tratamento, até junho de 2017, esse número era de 20,9 milhões de pessoas. Esse aumento em escala sem precedentes não poderia ter acontecido sem a coragem e a determinação das pessoas vivendo com HIV, que exigiram e reivindicaram seus direitos, apoiadas por compromissos financeiros e lideranças fortes e constantes.

“Muitas pessoas não se lembram de que, em 2000, havia apenas 90 pessoas na África do Sul em tratamento”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS, em seu discurso na comunidade de Khayelitsha, na Cidade do Cabo. “Hoje, a África do Sul tem o maior programa de tratamento capaz de salvar vidas no mundo, com mais de 4 milhões de pessoas em tratamento antirretroviral. Este é o tipo de aceleração que precisamos encorajar, sustentar e replicar.”

 

UNAIDS announces nearly 21 million people living with HIV now on treatment during the launch of its Right to health report.

Publicado por UNAIDS em Domingo, 19 de novembro de 2017

Assista acima ao lançamento do relatório realizado hoje em Paris.

Esse aumento no número de pessoas em tratamento tem contribuído para manter mais pessoas soropositivas vivas e com melhor qualidade de vida. Uma pesquisa científica também mostrou que uma pessoa vivendo com HIV que adere a um regime efetivo de tratamento antirretroviral é até 97% menos propensa a transmitir o HIV. À medida que o acesso ao tratamento foi ampliado para as mulheres grávidas que vivem com HIV, novas infecções por HIV entre crianças foram reduzidas rapidamente. De 2010 a 2016, as novas infecções por HIV entre crianças diminuíram em 56% no leste e no sul da África, a região mais afetada pelo HIV, e em 47% em todo o mundo.

“Em 2001, a primeira pessoa em Khayelitsha iniciou o tratamento contra o HIV. Hoje, existem quase 42 mil pessoas em tratamento aqui. O sucesso do programa de tratamento de Khayelitsha é um microcosmo do enorme sucesso do programa de HIV da África do Sul”, disse Aaron Motsoaledi, Ministro da Saúde da África do Sul.

Os desafios agora são garantir que 17,1 milhões de pessoas que ainda estão sem tratamento, incluindo 1,2 milhão de crianças, possam ter acesso aos medicamentos e colocar a prevenção do HIV no topo da programação da saúde pública, particularmente nos países onde há registro de aumento nas novas infecções por HIV.

O novo relatório do UNAIDS, Direito à saúde, destaca que as pessoas mais marginalizadas da sociedade e as mais afetadas pelo HIV ainda enfrentam grandes desafios no acesso a serviços de saúde e a serviços sociais de que necessitam com urgência. No entanto, o relatório também fornece exemplos inovadores de como as comunidades marginalizadas estão respondendo a essa realidade.

Na Índia, por exemplo, um coletivo de profissionais do sexo realizou treinamento de pares para que profissionais do sexo pudessem trabalhar como auxiliares de enfermagem, oferecendo serviços de saúde livres de estigma tanto para profissionais do sexo e quanto para a comunidade em geral. Em Uganda, grupos de avós estão tecendo e vendendo cestas tradicionais para pagar a escola de netos que perderam os pais para a AIDS.

Em 2016, cerca de 1,8 milhão de pessoas foram infectadas pelo HIV, uma diminuição de 39% em relação aos 3 milhões que se infectaram no pico da epidemia no final dos anos 90. Na África Subsaariana, o número de novas infecções por HIV caiu 48% desde 2000.

No entanto, o número de novas infecções por HIV está aumentando rapidamente em países que não expandiram os serviços de saúde e de HIV onde eles são mais necessários, e onde a relação custo-benefício tende a ser maior para a resposta. Na Europa Oriental e na Ásia Central, por exemplo, as novas infecções por HIV aumentaram 60% desde 2010 e as mortes relacionadas à AIDS cresceram 27%.

As referências ao direito à saúde são encontradas em leis internacionais e regionais, tratados, declarações das Nações Unidas e leis e constituições nacionais em todo o mundo. O direito à saúde é definido no artigo 12 do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais como o direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental. Isso inclui o direito de todas as pessoas, incluindo pessoas vivendo com HIV e afetadas pelo vírus, à prevenção e ao tratamento de problemas de saúde, à tomada de decisões sobre sua própria saúde e ao tratamento com respeito e dignidade, sem discriminação.

O relatório Direito à Saúde deixa claro que os Estados têm obrigações de direitos humanos básicas de respeitar, proteger e garantir o direito à saúde.

O relatório dá voz às comunidades mais afetadas pelo HIV—incluindo pessoas vivendo com HIV, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, homens gays e outros homens que fazem sexo com homens e jovens—sobre o que o direito à saúde significa para eles.

“Quase vinte anos atrás, a luta era para o acesso ao tratamento. Agora, minha luta não é apenas para o acesso, mas para garantir que eu tenha o apoio que eu preciso para viver uma vida saudável e positiva. Esse é o meu direito à saúde “, diz Cindy Mguye, Representante da Sociedade Civil.

Onde o direito à saúde está comprometido, o HIV se espalha. Na África Subsaariana, por exemplo, 67% das novas infecções por HIV entre jovens são entre mulheres jovens e meninas de 15 a 24 anos. Estudos demonstram que um grande número dessas meninas contraem o HIV de homens mais velhos, demonstrando múltiplas preocupações sobre a capacidade de mulheres jovens e meninas negociarem sexo seguro, permanecerem estudando e acessando serviços de saúde sexual e reprodutiva adequados à sua idade.

Estudos também mostraram as dificuldades que os serviços de saúde têm de alcançar homens com testagem e tratamento do HIV, bem como com serviços de saúde mais amplos, mostrando o desafio de encorajar os homens a exercer seu direito à saúde. Em 2016, os homens na África Subsaariana tinham 18% menos probabilidade de ter acesso ao tratamento e 8% mais chances do que as mulheres de morrer de doenças relacionadas à AIDS.

O Relatório Direito à Saúde dá uma clara demonstração dos desafios que se esperam nos esforços para acabar com a epidemia de AIDS como ameaça para a saúde pública até 2030, conforme descrito na Declaração Política de 2016 da ONU sobre o Fim da AIDS.

O relatório destaca ainda que, para reduzir as novas infecções por HIV e as mortes relacionadas à AIDS, e também garantir o acesso a serviços essenciais de saúde, o financiamento para a saúde precisa aumentar. O documento dá exemplos de como reforçar o financiamento, incluindo o aumento proporcional da participação das despesas com saúde em economias nacionais, economizando orçamentos através de eficiência e de parcerias com o setor privado. A lacuna de financiamento para o HIV é estimada em $ 7 bilhões de dólares até 2020.

O UNAIDS estabeleceu uma agenda para acelerar a resposta ao HIV até 2020 a fim de acabar com a epidemia de AIDS como ameaça para a saúde pública até 2030. O UNAIDS continuará trabalhando em estreita colaboração com seus copatrocinadores e parceiros para garantir que todos, em todos os lugares, possam cumprir seu direito à saúde e acessar os serviços de saúde e serviços sociais de que necessitam.

Em 2016 (* junho de 2017), estima-se:

  • * 20,9 milhões [18,4 milhões – 21,7 milhões] de pessoas com acesso à terapia antirretroviral (em junho de 2017);
  • 36,7 milhões [30,8 milhões – 42,9 milhões] de pessoas em todo o mundo vivendo com HIV;
  • 1,8 milhão [1,6 milhão – 2,1 milhões] de novas infecções com HIV
  • 1 milhão [830 000 – 1,2 milhão] de mortes por doenças relacionadas à AIDS

 

Faça o download do comunicado de imprensa em pdf aqui.

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