O Comitê Científico e Técnico do UNAIDS pede por revolução na testagem de HIV

Os participantes de uma reunião do Comitê Consultivo Científico e Técnico do UNAIDS (Scientific and Technical Advisory Committee—STAC) pediram ao UNAIDS que lidere os esforços globais para estimular uma revolução na área de testagem de HIV. O objetivo é conseguir que 90% das pessoas vivendo com HIV conheçam o seu estado sorológico até 2020. Em 2015, apenas 60% das pessoas HIV-positivas sabiam que estavam vivendo com o vírus.

Em uma avaliação preliminar dos progressos realizados em relação às metas 90-90-90, realizada entre 9 e 10 de abril em Genebra, na Suíça, os participantes ouviram que o diagnóstico tardio de HIV representa a maior barreira para um aumento das taxas de supressão viral de HIV em todo o mundo. Novas tecnologias para testagem surgiram, mas os programas precisam alcançar as pessoas que precisam de serviços de testagem para o HIV.

As principais barreiras à aceitação do teste de HIV incluem falta de conscientização individual sobre o risco, estigma, barreiras legais e estruturais, custos associados, como deslocamento para os serviços de saúde e a percepção de que há pouco benefício em diagnosticar a infecção pelo HIV se não houver sintomas. Os participantes ouviram que muitas pessoas evitam procurar serviços de testagem para HIV em estabelecimentos de saúde, uma vez que ambos os tempos de deslocamento e de espera podem muitas vezes ser longos. As barreiras ao teste são freqüentemente vivenciadas por jovens, homens e membros de populações-chave.

Os participantes do encontro em Genebra concordaram que o apoio político e financeiro para a testagem de HIV deve ser significativamente ampliado e que o foco principal dos serviços de testagem de HIV deve ser transferido do centro de saúde para a comunidade. Os trabalhadores comunitários têm um papel crítico na ampliação dessas estratégias centradas nas pessoas. O Comitê recomendou que o UNAIDS desenvolva um roteiro para uma revolução na área de testagem de HIV, para ser revisado e comentado pelo Comitê em sua próxima reunião, em julho.

O Comitê recomendou também que o UNAIDS dê ênfase em alavancar as metas 90-90-90 para melhor mostrar a ligação entre a resposta ao HIV e a agenda de saúde sustentável. Uma das constatações foi a de que os serviços de testagem de HIV fornecem uma plataforma para a triagem de outros problemas de saúde. Da mesma forma, esse impulso e ênfase às 90-90-90 também oferecem oportunidades para lidar com a escassez de mão-de-obra em saúde.

Reunião do Comitê Consultivo Científico e Técnico do UNAIDS (Scientific and Technical Advisory Committee—STAC)

CITAÇÕES

“Nós temos que estar descontentes. Embora tenhamos feito um progresso considerável em nossa resposta à AIDS, temos muito mais a fazer, especialmente para aqueles que estão sendo deixados de lado.”

Diane Havlir, Co-Presidente do STAC e Professora de medicina na Universidade da Califórnia, São Francisco

“A revolução da testagem de HIV deve ser um elemento de destaque na agenda. Nós devemos fazer um melhor trabalho para alcançar os homens jovens com os serviços de testagem de HIV e nós precisamos mover o teste de HIV do serviço de saúde para a comunidade.”

Michel Sidibé, Diretor Executivo, UNAIDS

“Nós precisamos acelerar o ritmo de ampliação no alcance do tratamento. Nós adicionamos 2,4 milhões de novas pessoas no tratamento de HIV em 2015, em ambos 2013 e 2014 o aumento foi 2,2 milhões. Se pudermos aumentar a adesão anual ao tratamento do HIV em 3 milhões, nós poderemos alcançar o nosso objetivo global de ter 30 milhões de pessoas em tratamento para HIV até 2020.”

Sharonann Lynch, membro do STAC e conselheira política de HIV/ tuberculose, Médicos Sem Fronteiras

“A taxa de supressão viral completa na população é a última indicação de quão bem estamos indo em relação às metas 90-90-90. Nós precisamos priorizar, assegurando que as pessoas em terapia antirretroviral recebam o monitoramento de carga viral.”

Max Essex, membro e Presidente do STAC, Harvard AIDS Institute

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