4º Fórum AIDS e o Brasil debate HIV e AIDS sem tabus, sem preconceito e sem discriminação

O Portal IMPRENSA, em parceria com o Ministério da Saúde e com o UOL Notícias, e com o apoio do UNAIDS, promoveu a 4ª edição do Fórum AIDS e o Brasil. O debate transmitido online reuniu formadores de opinião — desde youtubers e artistas até profissionais da saúde e jornalistas — que debateram os tabus entre os jovens na prevenção ao HIV. O fórum online foi dividido em três blocos temáticos: Internet – fonte de informação sobre o vírus da AIDS?; Educação sexual e prevenção na mídia; e Caleidoscópio sobre a AIDS — prevenção, preconceito e riscos.

Atualmente, mais de 800 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, cerca de 112 mil não ainda sabem que estão infectadas, segundo dados do Ministério da Saúde. Apesar de estável nos últimos anos — cerca de 40 mil novos casos são registrados, por ano, no país —,  os novos casos de AIDS tem crescido de forma significativa entre jovens na última década. Um dos objetivos do Fórum AIDS e o Brasil nesse contexto foi o de contribuir para a ampliação do debate sobre o tema, ainda cercado de muitos tabus, de falta de informação e de preconceitos.

Internet – fonte de informação sobre AIDS?

O fórum foi apresentado pela jornalista Marilu Cabañas. O primeiro bloco contou com a presença de Paula Vilhena (canal Amada Foca), José Araújo Lima Filho (Associação Espaço de Prevenção e Atenção humanizada, EPAH), Aline Ferreira (Rede de Jovens SP+), Lilian Ferreira (UOL Notícias) e Gil Casimiro (Ministério da Saúde). Os participantes iniciaram o painel falando da grande oferta de informação que existe sobre HIV e AIDS na Internet, mas sobre como isso não é o suficiente, porque, muitas vezes, as notícias sobre o assunto são falsas ou equivocadas.

Além disso, segundo José Araújo Lima Filho, a imprensa trata do tema de maneira pouco aprofundada, deixando de abordar  questões importantes como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição). “A imprensa não quer se aprofundar nisso”, ele disse, “acha cansativo, tem medo de se comprometer. Nossa mídia quer ser mais prática possível. Fala o básico do básico, que é ‘use camisinha’”.

Nesse bloco, discutiu-se, também, a necessidade de aliar a luta pela prevenção à luta pelo fim da discriminação, e também a importância da testagem rápida. “Apenas falar ‘usem camisinha’ não funciona”, ressaltou Aline Ferreira.

Educação sexual e prevenção na mídia

O segundo bloco do Fórum trouxe como convidados Rafael Bolacha (canal Chá dos 5), Sandra Santos (Fundação Poder Jovem), Dayana Dias Carneiro (Projeto Bem-me-quer) e Diego Iraheta (HuffPost Brasil). A discussão sobre o papel da mídia, tanto na veiculação de mensagens sobre transmissão quanto de aceitação, foi aprofundada pelos participantes. Rafael Bolacha, que é soropositivo, e contou de suas experiências com a mídia.”Quando o trabalho é feito de uma forma boa, vai replicar. A grande mídia ainda tem uma barreira muito grande”, disse ele, referindo-se à sua entrevistacom Marília Gabriela.

Sandra Santos citou uma reportagem que tratou do tema de maneira sensacionalista, e acabou afetando a vida íntima das pessoas entrevistadas, em comparação com outra feita pelo Profissão Repórter, que acabou trazendo jovens para a Fundação Poder Jovem. “A mídia tem esse poder: de trazer o jovem para a realidade, de querer tirar suas dúvidas”, afirmou ela. “A imprensa tem que ter, além do papel da prevenção, o da desconstrução”, concluiu o jornalista do Huffpost Brasil, Diego Iraheta.

Caleidoscópio sobre a AIDS—prevenção, preconceito e riscos

O terceiro bloco focou-se mais na questão do tabu e do preconceito. Participaram Pierre Freitaz (Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, RNAJVHA), David Schurmann (cineasta), Gustavo Mendes (ator) e Alexandre Magno (Ministério da Saúde). “As pessoas têm vergonha de fazer exame, medo. Qualquer um está sujeito, como vamos falar se temos toda a limitação sexual, o tabu de sexo, da prevenção?”, afirmou Gustavo Mendes.

Os participantes concordam que é preciso combater os tabus e o preconceito para combater, por exemplo, o aumento de casos de AIDS entre a população mais jovem que vem ocorrendo nos últimos anos. É preciso tratar do tema de maneira bem-humorada, ampla e sincera, segundo eles. “Quando a pessoa se descobre com câncer”, disse Freitaz sobre a discriminação ainda presente nos dias de hoje, “há um olhar de cuidado. Com o HIV é ‘você procurou, né’. Um tom de condenação”.

A apresentadora e mediadora do Fórum, Marilu Cabañas, ressaltou a importância de debates como os do Fórum, que a ensinam muito sobre o tema de HIV e AIDS e fazem com que as pessoas percebam a importância de espaços assim para acabar com os tabus que existem até os dias atuais. “Eu mesma aprendi demais com todos os participantes e fazendo autocrítica, o quanto ainda preciso dar mais visibilidade ao tema no meio onde trabalho. Foi um cutucão grande!”, afirmou Marilu.

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