Saiba por que a prevenção do HIV em populações-chave é tão importante para o fim da epidemia de AIDS

Desde 2010, o número anual de novas infecções por HIV entre adultos (15 anos ou mais) em todo o mundo permaneceu estático, estimado em 1,9 milhão. Membros de populações-chave, incluindo profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas trans, pessoas privadas de liberdade, gays e outros homens que fazem sexo com homens – e seus parceiros sexuais – representaram 45% de todas as novas infecções por HIV em 2015.Em alguns países e regiões, as taxas de infecção entre populações-chave são extremamente elevadas – a prevalência do HIV entre profissionais do sexo varia de 50% a 70% em vários países da África Austral. Um estudo do Zimbabwe encontrou taxas de prevalência do HIV de 27% para os detentos do sexo masculino, 39% para as internas e 60% para os profissionais do sexo, sendo que 9,6% delas foram infectadas entre 2009-2014.

Novas infecções entre homens gays e outros homens fazem sexo com homens têm aumentado em todas as regiões nos últimos anos. Em todos os países, as populações-chave têm entre 10 e 50 vezes mais risco de infecção pelo HIV em comparação com outros adultos.

A criminalização e a estigmatização das relações entre pessoas do mesmo sexo, do trabalho sexual, da posse e uso de drogas e a discriminação, incluindo na área da saúde, impedem as populações-chave de acessarem aos serviços de prevenção do HIV. O apoio governamental eficaz e os programas comunitários de implementação de prevenção e tratamento do HIV que fornecem serviços personalizados para cada grupo são atualmente muito poucos e muito pequenos para resultar em uma redução significativa nas novas infecções.

A fim de atingir a meta de reduzir as novas infecções por HIV entre as populações-chave em 75% até 2020, é necessário um grande aumento dos programas e a criação de um ambiente social e jurídico favorável.

Devemos reduzir as novas infecções por HIV entre populações-chave

O número global de novas infecções pelo HIV entre adultos permaneceu estático, estimado em 1,9 milhão, desde 2010, ameaçando novos progressos rumo ao fim da epidemia da AIDS.

Novas infecções por HIV entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens estão aumentando globalmente, e não houve reduções aparentes de novas infecções entre profissionais do sexo, pessoas trans, pessoas que usam drogas ou pessoas privadas de liberdade.

Estudos realizados na África Austral verificaram que a prevalência do HIV é de 10 a 20 vezes maior entre profissionais do sexo do que entre os adultos da população geral, com taxas de infecção de HIV atingindo 50% de todos os trabalhadores do sexo testados e a prevalência de HIV atingindo 86%. Uma síntese de estudos que incluem mais de 11.000 pessoas trans em todo o mundo estima que a prevalência do HIV é de 19,1%.

As populações-chave permanecem entre as mais vulneráveis ao HIV. A análise dos dados disponíveis para o UNAIDS sugere que, em 2014, mais de 90% das novas infecções por HIV na Ásia Central, Europa, América do Norte, Oriente Médio e Norte de África estavam entre pessoas das populações-chave e seus parceiros sexuais.

A revitalização da prevenção do HIV entre populações-chave exige investimentos nacionais e internacionais capazes de fornecer instrumentos adequados a essas populações, tais como preservativos e lubrificantes, profilaxia pré-exposição, agulhas e seringas estéreis e testes e tratamentos. No entanto, a concepção e a prestação de tais serviços de prevenção combinada ao HIV é muitas vezes limitada pela relutância em investir na saúde de populações-chave e em alcançá-las.

Em muitos países, as populações-chave são empurradas para a margem da sociedade por causa do estigma e da criminalização das relações homossexuais, do consumo de drogas e do trabalho sexual. A marginalização, incluindo a discriminação no setor da saúde, limita o acesso a serviços eficazes para o HIV. Há uma necessidade urgente de assegurar que as populações-chave sejam plenamente incluídas nas respostas à AIDS e que os serviços sejam disponibilizados à elas.

Foram desenvolvidas orientações e ferramentas para e com a participação de populações-chave, a fim de fortalecer o empoderamento da comunidade e melhorar a prestação de serviços de prevenção combinada por organizações da sociedade civil de base comunitária, governos e parceiros de desenvolvimento.

As evidências disponíveis mostram que quando os serviços são disponibilizados em um ambiente livre de estigma e discriminação e envolvendo comunidades de populações-chave, as novas infecções por HIV diminuíram significativamente. Por exemplo, os jovens de rua em São Petersburgo tiveram uma redução de 73% na soroprevalência do HIV de 2006 a 2012, principalmente devido à diminuição do início do uso de drogas injetáveis. Essa redução marcante na epidemia de HIV entre os jovens de rua ocorreu após a implementação de extensos programas de apoio e melhorias socioeconômicas.

A repetição desses sucessos e a ampliação dos programas de prevenção combinada em todas as cidades e localidades onde populações-chave vivem e trabalham, implementadas por países e redes de organizações comunitárias, contribuirão para que os esforços de prevenção retornem para o caminho que leva ao alcance da meta de redução de novas infecções de HIV em 75% até 2020.

Conheça alguns documentos disponíveis sobre o tema em inglês, no site global do UNAIDS:

1-Consolidated Guidelines on HIV Prevention, Diagnosis, Treatment and Care for Key Populations (WHO)

2- Implementing Comprehensive HIV and STI Programmes with Men Who Have Sex with Men (MSMGF)

3- Implementing Comprehensive HIV and STI Programmes with Transgender People (UNFPA)

4- Implementing Comprehensive HIV/STI Programmes with Sex Workers (WHO)

(Foto de capa: reprodução de imagem do relatório do UNAIDS Entre na Via Rápida, publicado em novembro de 2016) 

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