Fim da AIDS até 2030

A epidemia de AIDS definiu a agenda de saúde global para toda uma geração. A primeira morte relacionada à AIDS  foi diagnosticada há 35 anos e o HIV tornou-se rapidamente uma crise global. A epidemia ameaçava todos os países e poderia desestabilizar os mais vulneráveis. Até 2000, a AIDS dizimou décadas de ganhos em desenvolvimento.Hoje em dia, muitas nações deram passos significativos para ficar à frente do vírus. África do Sul, por exemplo, reduziu o número de novas infecções pelo HIV de 600 000 por ano em 2000 para 340 000 por ano em 2014. A expectativa de vida aumentou em muitos dos países mais severamente afetados na África subsaariana, assim como o acesso a medicamentos antirretrovirais se expandiu e testes e serviços de prevenção foram ampliados. Mundialmente, existem agora mais de 17 milhões pessoas que vivem com HIV e com acesso a medicamentos antirretrovirais.

Mas como líderes mundiais enfrentam um número crescente de preocupações e ameaças globais, incluindo deslocamentos massivos, mudanças climáticas e uma perspectiva econômica incerta, seria um equívoco abandonar a resposta ao HIV. Aqui estão três razões pelas quais AIDS merece atenção continuada:

 

  1. Restaurar a dignidade, a saúde e a esperança das pessoas deixadas para trás na resposta à AIDS
    2. Construir sociedades robustas e resilientes prontas para enfrentar crises futuras de saúde
    3. Servir de referência para o que pode ser conquistado através da solidariedade internacional e da vontade política.

Nossa geração foi presenteada com uma oportunidade que não deve se desperdiçar. Nós temos a tecnologia, medicamentos e ferramentas para acabar com a epidemia de AIDS até  2030, evitando mais de 17 milhões de novas infecções e salvando quase 11 milhões de vidas.

Mas isso não vai acontecer sem compromisso consistente, visão e liderança. Há grandes lacunas na resposta à AIDS e muitas barreiras ainda impedem que as pessoas tenham acesso a serviços de saúde de qualidade.

Cerca de metade das 37 milhões de pessoas que vivem com o HIV não sabem que têm o vírus. Doenças relacionadas à AIDS são as principaiscausas de morte entre mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo e a principal causa de morte entre adolescentes na África. Estigma e discriminação impedem muito constantemente que pessoas tenham  acesso a cuidados de saúde, incluindo os serviços de prevenção e tratamento do HIV, que reduzam novas infecções e salvam vidas. Em algumas regiões do mundo, os números de infecções por HIV estão, em verdade, aumentando

Esta semana, os líderes se reunirão na sede das Nações Unidas em Nova York para chegar a uma nova Declaração Política para o Fim da AIDS. Um elemento-chave será a criação de condições necessárias para alcançar a meta de tratamento 90-90-90 do UNAIDS até 2020. Isto exige que 90% de todas as pessoas vivendo com HIV saibam que têm o vírus, que 90% de todas as pessoas cientes do estado sorológico positivo para o HIV  tenha acesso à a terapia antirretroviral ininterruptamente, e que 90% de todas as pessoas recebendo terapia antirretroviral tenham supressão viral.

A concretização desta meta irá colocar o mundo em curso para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.

Mas para isso são necessários liderança ousada e investimentos mais pesados . Em 2020, recursos nacionais e internacionais combinados terão que aumentar em cerca de um terço para alcançar um pico estimado de 26,2 bilhões de dólares para alcançar esta meta e concretizar a proposta de acabar com a AIDS. A falta de investimento agora resultará num prolongamento indefinido da epidemia, o que seria uma economia enganosa.

Acabar com a epidemia de AIDS até 2030 é uma parte central dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a agenda de desenvolvimento à qual os líderes mundiais se comprometeram em setembro do ano passado.

Em Nova York, nesta semana, os líderes mundiais devem firmar o compromisso desta geração para acabar com a AIDS e cumprir a pomessa de garantir uma vida saudável para todos.

A AIDS ainda não acabou, mas pode acabar.

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