UNAIDS se une à campanha ‘Um Milhão de Trabalhadores Comunitários de Saúde’ para alcançar as metas de tratamento 90-90-90

O UNAIDS e a iniciativa Um Milhão de Trabalhadores Comunitários da Saúde (conhecida em inglês como One Million Community Health Workers – 1mCHW) anunciaram uma importante parceria estratégica no apoio do cumprimento das metas de tratamento 90-90-90 e no estabelecimento de bases para a saúde e para o desenvolvimento sustentável.

A nova parceria surgiu em uma reunião de alto nível com oito ministros da saúde do continente africano e outras partes interessadas, realizada no início de fevereiro (01/02) em Addis Ababa, na Etiópia.

As metas 90-90-90 do UNAIDS prevêm que, até 2020: 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; que 90% deste grupo esteja retido em tratamento; e que 90% das pessoas em tratamento alcancem o nível indetectável para sua carga viral.

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Para atingir estas metas de tratamento, o número de pessoas com acesso à terapia antirretroviral terá que quase dobrar nos próximos cinco anos. Mesmo que os programas de HIV possuam estratégias inovadoras e pioneiras que aumentem a eficiência da prestação de serviços, atingir as metas exigirá a expansão do número de trabalhadores de saúde disponíveis para fornecer serviços relacionados ao HIV.

No entanto, muitos países africanos e também de outras regiões enfrentam escassez aguda de trabalhadores na saúde. Embora a África responda por 25% da carga global de saúde, a região é o lar de apenas 3% de todos os trabalhadores desse setor.

A campanha 1mCHW reúne mais de 150 organizações de todo o mundo em um grande esforço mundial para recrutar e enviar agentes comunitários da saúde treinados, equipados, supervisionados e remunerados, com especial atenção para as comunidades rurais, especialmente carentes.

“Atingir estas metas exige trabalhadores de saúde, conhecimentos específicos e laboratórios equipados com os materiais necessários”

– Marc Angel, representante do UNAIDS para as metas de tratamento 90-90-90

Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia, em Nova York, e fundador da iniciativa 1mCHW, enfatizou seu compromisso com as metas de tratamento 90-90-90. Como Conselheiro Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Sachs comprometeu-se em colocar este desafio no centro das articulações para o alcance da agenda dos ODS .

“O esforço do UNAIDS com as metas 90-90-90 é histórico: envolve uma abordagem rigorosa, científica e corajosa para acabar com a epidemia de AIDS”, disse Sachs. “O fim da AIDS está ao nosso alcance e agentes comunitários de saúde irão desempenhar um papel fundamental na capacitação das comunidades para acabar com as as mortes por AIDS e para quebrar a transmissão do vírus. A campanha Um Milhão de Trabalhadores da Saúde tem a honra de se juntar ao UNAIDS em seu programa revolucionário. “

Desdobramentos do encontro

Apoiado pelo UNAIDS, pela União Africana e pelo Ministério da Saúde da Etiópia, o encontro revelou um forte comprometimento de todos, tanto para as metas 90-90-90 quanto para um consenso de que ela oferece uma oportunidade única de recrutamento e mobilização de centenas de milhares de trabalhadores comunitários de saúde.

“Temos que reforçar a interação entre as comunidades e os prestadores de serviços”, disse o Diretor Executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Precisamos das comunidades e das organizações da sociedade civil para chegar às pessoas e locais de difícil alcance.”

O esforço global para atingir a meta envolve a distruibuição de cuidados simplificados e descentralizados a milhões de pessoas saudáveis que vivem com o HIV. Autocuidado, inclusive por meio de inovações como clubes de aderência conduzidos por pares e a distribuição de terapia antirretroviral para a comunidade, irão desempenhar um papel vital na gestão dos cuidados crônicos relacionados ao HIV. Dessa forma, agentes comunitários de saúde serão essenciais para a prestação dos serviços simplificados e descentralizados.

Além de crítico e essencial para se chegar ao fim da epidemia de AIDS até 2030, este modelo debatido no encontro também têm um papel potencialmente decisivo a desempenhar na abordagem dos outras metas de saúde previstas nos ODS. Trabalhadores de saúde comunitários, mobilizados através do impulso para alcançar as metas 90-90-90, também podem ajudar na prestação de outros serviços importantes de saúde. Da mesma forma, os modelos de cuidado crônico gerados pela resposta acelerada ao HIV também são aplicáveis à gestão da crescente carga de doenças não-transmissíveis, como hipertensão e diabetes.

Embora o roteiro para a ação seja claro dentro das metas 90-90-90 e da força de trabalho na saúde, o financiamento continua a ser um obstáculo, já que investimentos serão necessários para o treinamento, supervisão e compensação dos trabalhadores comunitários.

Houve concordância entre os ministros da saúde e outros participantes que mobilizar os investimentos necessários para a expansão da força de trabalho da saúde vai exigir tanto o aumento das despesas domésticas quanto maior assistência internacional. Sachs pediu a criação de um fundo para o reforço dos sistemas de saúde.

“Saúde não é um custo,” disse Sidibé. “Saúde não é despesa. A saúde é um investimento. Se acelerarmos a resposta, podemos conduzir a epidemia ao fim. No entanto, se não conseguirmos os recursos de que precisamos, a AIDS vai voltar com força e todos os nossos investimentos dos últimos 30 anos serão perdidos. “

No planejamento da reunião, os copatrocinadores do encontro trabalharam com a Organização Mundial de Saúde, a Sociedade Africana de Medicina Laboratorial, a Associação Internacional de Prestadores de Cuidado em AIDS, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha, o Gabinete do Coordenador Global de AIDS dos Estados Unidos, a Universidade de Columbia, a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, a campanha Um Milhão de Trabalhadores da Saúde e o Governo de Luxemburgo.

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