Dia Mundial da Juventude: o diálogo sobre o HIV

Embora os números de novas infecções por HIV e mortes relacionadas à AIDS entre jovens tenham diminuído globalmente, em muitos lugares o conhecimento sobre a prevenção do HIV permanece preocupantemente baixo. Antes do Dia Mundial da Juventude, o UNAIDS conversou com quatro jovens sobre os desafios que enfrentam em relação ao HIV.

Pavel Gunaev tem 16 anos e vive em São Petersburgo, onde faz parte da rede liderada pela juventude de adolescentes e jovens vivendo com HIV, Teenergizer! Pavel disse que em sua cidade os jovens não estão conscientizados sobre o HIV.

“Não se fala sobre AIDS e, com isso, os jovens não conhecem os riscos ou as formas de se protegerem do HIV”, disse ele. “Como resultado, muitos jovens desinformados estão agindo e tomando decisões baseadas em rumores”. Pavel acredita que, se todos trabalharem mais para informar adolescentes e jovens e para dissipar os mitos em torno do HIV, o fim da AIDS será possível.

Chinmay Modi nasceu com HIV há vinte e três anos. Ele é membro da Coalizão Nacional de Pessoas Vivendo com HIV na Índia e do ponto focal do país para a Rede Youth LEAD Asia Pacific.

“O maior problema é aumentar a conscientização e dar aos jovens informações apropriadas para suas idades”, disse ele. Na sua opinião, os pais não estão confortáveis em conversar com seus filhos sobre sexo e a sociedade também se afasta deste debate. Como consequência, ele explicou, os jovens estão tendo relações sexuais e experimentando coisas novas, mas com pouco conhecimento dos riscos envolvidos.

“Os preservativos precisam ser promovidos e os parceiros devem apoiar o empoderamento dos jovens para que todos sejam responsabilizados”, disse Chinmay. Ele também está frustrado porque, na Índia, as pessoas mais jovens não podem acessar os serviços de saúde do HIV sem estigmas.

Na opinião dele, o auto-estigma está dificultando os esforços para combater a discriminação, a violência e as desigualdades relacionadas ao HIV. É por isso que ele quer que mais pessoas compartilhem suas histórias e sejam positivas sobre serem soropositivas.

Moises Maciel concorda com Chinmay. Ele tem 20 anos de idade e é ativista das causas LGBTI+ e HIV. Tornou-se membro da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens vivendo com HIV/AIDS no Brasil depois de descobrir seu estado sorológico positivo para o HIV há dois anos. Desde então, embarcou em uma jornada contra o estigma relacionado ao HIV e tem motivado seus colegas a se testarem.

Os jovens ainda continuam em grande risco de infecção pelo HIV por diversos fatores como as questões sociais como marginalização de grupos sociais e raciais e de gênero como as pessoas transsexuais e jovens gays, principalmente.

“Os jovens ainda continuam em grande risco de se infectarem por HIV por diversos fatores, como marginalização social relacionada a gênero e desigualdades raciais”, afirmou. “No Brasil, jovens trans e homossexuais são particularmente visados”, explicou.

Ele disse que o desconcerta ver como o estigma e o preconceito ainda dominam, apesar de as pessoas HIV positivas viverem vidas saudáveis ​​com a ajuda do tratamento antirretroviral. “Devemos começar a falar aos jovens de forma aberta e responsável sobre sexualidade, infecções sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e responsabilidades da vida”, disse Moises.

Lorraine Anyango, uma advogada de saúde e direitos da juventude de Boston, trabalha para assegurar que as vozes dos jovens, especificamente em relação ao HIV, sejam ouvidas.

“Os jovens continuam a ser excluídos de espaços e discussões sobre questões que afetam suas vidas”, disse Lorraine. “Sua autonomia como seres humanos individuais continua a ser ignorada, deixando-os suscetíveis ao risco da infecção por HIV”.

Na opinião dela, a participação dos jovens em decisões que afetam sua saúde pode contribuir para fortalecer a responsabilização a nível nacional, garantindo que os programas respondam efetivamente às suas necessidades. Lorraine concluiu dizendo: “Reconhecer a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos da juventude e continuar a conversa sobre o HIV nos aproximará do fim da AIDS até 2030”.

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