17 milhões de pessoas vivendo com HIV recebem tratamento em todo o mundo

Estima-se que 17 milhões de pessoas tenham chegado ao final de 2015 com acesso a medicamentos antirretrovirais capazes de salvar vidas. Isso significa que, em um período de 12 meses,  2 milhões a mais de pessoas passaram a ter acesso ao tratamento.

O anúncio, feito em um novo relatório do UNAIDS, intitulado Global AIDS update 2016 (Atualização sobre a AIDS no Mundo 2016), chega às vésperas do encontro de líderes na Reunião de Alto Nível da ONU sobre o fim da AIDS, que acontece agora de 8 a 10 de junho em Nova York.

O aumento extraordinário do tratamento antirretroviral desde 2010 por muitos dos países mais afetados do mundo reduziu as mortes relacionadas à AIDS de 1,5 milhão em 2010 [1.3 milhão–1.7 milhão] para 1,1 milhão [940 000–1.3 milhão] em 2015. À medida que mais países adotam as novas diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), para tratar imediatamente todas as pessoas com diagnóstico de HIV, grandes benefícios de saúde pública estão sendo realizados para indivíduos e para a sociedade em geral.

“Precisamos de uma resposta à epidemia de AIDS centrada em pessoas, capaz de remover todos os obstáculos no caminho do acesso que as pessoas precisam ter aos serviços de prevenção e tratamento do HIV”

“O potencial máximo da terapia antirretroviral está em execução”, disse Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS. “Pedimos a todos os países que aproveitem essa oportunidade sem precedentes para iniciar os programas de prevenção e tratamento contra a AIDS, com o objetivo de pôr fim à epidemia em 2030.”

A cobertura global da terapia antirretroviral alcançou 46% [43-50%] no final de 2015. Os ganhos foram maiores na região mais afetada do mundo, a África Oriental e Austral, onde a cobertura aumentou de 24% [22-25%] em 2010 para 54% [50-58%] em 2015, atingindo um total de 10,3 milhões de pessoas. Na África do Sul, 3,4 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento, seguido pelo Quênia, com quase 900 000.

O relatório do UNAIDS foi lançado em Nairobi, no Quênia, um dos países que mostram o progresso mais notável na expansão do acesso a medicamentos antirretrovirais e na redução do número de novas infecções pelo HIV. Ao todo, 12 países (Botswana, Eritreia, Quênia, Malawi, Moçambique, Ruanda, África do Sul, Suazilândia, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe) aumentaram a cobertura do tratamento em mais de 25 pontos percentuais entre 2010 e 2015.

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Da esquerda para a direita: Joyce Amondi Ouma, NEPHAK; Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS; Cleopa Mailu, Secretário de Governo para a Saúde, Quênia; Rosemary Mbogo, Presidente em exercício da NACC; Sahle-WorkZewde, Secretário Geral Adjunto das Nações Unidas e Diretor Geral da ONU no Quênia; e Kevin de Cock, Diretor do CDC. Foto: UNAIDS

 

“O governo do Quênia, em parceria com o UNAIDS e outros parceiros de desenvolvimento, está comprometido com a abordagem da Aceleração da Resposta para acabar com a AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030”, disse Cleopa Mailu, Secretário de Governo do Quênia para a Saúde. “Temos que catalisar investimentos em diferentes setores, com foco em programas com boa relação custo-benefício e socialmente inclusivos, se quisermos ter sucesso.”

A abordagem do UNAIDS de Aceleração da Resposta para acesso ao tratamento tem provado ser bem-sucedida nos países que a adotaram. A resposta oportuna deve continuar para que seja possível alcançar a meta de tratamento 90-90-90 do UNAIDS até 2020, em que: 90% das pessoas que vivem com HIV estejam diagnosticadas; 90% das pessoas diagnosticadas positivas para HIV estejam em tratamento; e 90% das pessoas em tratamento tenham carga viral indetectável. Atingir a meta de tratamento para 2020 irá colocar o mundo na direção certa para que se possa acabar com a epidemia de AIDS até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS, faz o lançamento do novo relátorio do UNAIDS em Nairobi, no Quênia. Foto: UNAIDS

Revigorando a prevenção do HIV

Prevenir novas infecções pelo HIV por meio da neutralização do estigma e da discriminação e também pela garantia de que 90% das pessoas tenham acesso a serviços de prevenção combinada ao HIV também será crucial para acabar com a epidemia de AIDS.

O relatório do UNAIDS mostra que o declínio em novas infecções por HIV entre adultos perdeu fôlego de forma alarmante nos últimos anos, com o número anual estimado de novas infecções entre adultos praticamente estático em cerca de 1.9 milhão [1.7 milhão – 2.2 milhões]. Os números globais escondem disparidades regionais que devem ser abordadas para alcançar as reduções necessárias para o fim da epidemia de AIDS até 2030.

A maior redução nas novas infecções em adultos ocorreu na África Oriental e Austral. Em 2015, houve queda de cerca de 40 000 infecções por HIV em adultos na região em relação a 2010, uma queda de 4%. Mais declínios graduais foram alcançados na região da Ásia e do Pacífico e da África Ocidental e Central. Taxas de novas infecções por HIV em adultos ficaram relativamente estáveis na América Latina e no Caribe, Europa Ocidental e Central, América do Norte, Oriente Médio e Norte da África. No entanto, o número anual de novas infecções por HIV na Europa Oriental e na Ásia Central aumentou em 57%.

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“Pedimos a todos os países que aproveitem essa oportunidade sem precedentes para iniciar os programas de prevenção e tratamento contra a AIDS, com o objetivo de pôr fim à epidemia em 2030”, afirmou Sidibé sobre o tratatamento antirretroviral. Foto: UNAIDS

Pessoas que estão sendo deixadas para trás

No relatório, o UNAIDS incita os países a dar continuidade à intensificação dos esforços de prevenção do HIV à medida que seguem implementando o tratamento, já que muitas pessoas ainda não estão sendo alcançadas.

Jovens e adolescentes, especialmente as mulheres jovens e meninas, ainda estão sendo deixadas para trás na resposta à AIDS. Garotas adolescentes e mulheres jovens entre 15-24 anos de idade são as que têm o maior risco de infecção por HIV no mundo, sendo representando 20% das novas infecções pelo vírus entre adultos em 2015 – apesar de representarem apenas 11% da população adulta. Na África Subsaariana, meninas adolescentes e mulheres jovens são responsáveis por 25% das novas infecções por HIV entre adultos.

Normas prejudiciais de gênero e desigualdade, obstáculos à educação e serviços de saúde sexual e reprodutiva, pobreza, insegurança alimentar e violência são os principais fatores que impulsionam o aumento de vulnerabilidade nestas populações.

O relatório também mostra que mais de 90% das novas infecções por HIV em 2014 na Ásia Central, Europa, América do Norte, Oriente Médio e Norte da África estavam entre as populações-chave e seus parceiros sexuais, incluindo gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis. Na África Subsaariana, as populações-chave são responsáveis por mais de 20% das novas infecções por HIV. Estas populações ainda não estão sendo alcançadas com serviços de prevenção e tratamento do HIV, apesar de terem as maiores taxas de prevalência do vírus.

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Michel Sidibé posa com Cleopa Mailu, Secretário de Governo para a Saúde, Quênia, durante lançamento do relatório. Foto: UNAIDS

 

O relatório incita os países a trabalhar em estreita colaboração com os parceiros, em particular a sociedade civil, as comunidades e as pessoas que vivem com o HIV, para garantir que os governos saibam onde suas epidemias estão concentradas e que tenham os serviços adequados disponíveis nos lugares certos.

“Precisamos de uma resposta à epidemia de AIDS centrada em pessoas, capaz de remover todos os obstáculos no caminho do acesso que as pessoas precisam ter aos serviços de prevenção e tratamento do HIV”, disse Sidibé. “Esses serviços devem ser totalmente financiados e apropriados às necessidades das pessoas, para que possamos acabar com a epidemia de AIDS para todos.”

O relatório destaca que a ciência, a evidência e a política abriram uma oportunidade única para acabar com a epidemia de AIDS até 2030 como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A comunidade global tem de se unir em torno desse objetivo comum para realizar todo o potencial das oportunidades ou arriscar que a epidemia se prolongue indefinidamente.

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