Foco em populações e localidades levará serviços de HIV às pessoas na África Ocidental e Central, diz MSF

Os desafios da resposta ao HIV tanto na África Ocidental quanto na África Central são o foco de um relatório divulgado este mês (20/4) pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O relatório, “Fora do foco: como milhões de pessoas na África Ocidental e Central estão sendo deixados de fora da resposta global ao HIV”, descreve como o estigma e a discriminação, a quebra de estoques de diagnósticos e medicamentos, e instalações inacessíveis ou de baixa qualidade têm se mostrado como grandes obstáculos para acesso aos serviços de testagem e tratamento do HIV.

Cerca de 6,6 milhões de pessoas vivem com  HIV na África Ocidental e na África Central, mais de metade apenas na Nigéria. A região é responsável por uma em cada cinco novas infecções por HIV no mundo todo, uma em cada quatro mortes relacionadas à AIDS e perto de metade de todas as crianças recém-infectadas com o vírus no planeta. Estima-se que 5 milhões de pessoas que vivem com o HIV na África Ocidental e na África Central não têm acesso aos medicamentos para o HIV, que são capazes de salvar vidas.

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UNAIDS está trabalhando com os países da região para identificar as localidades e populações onde os serviços de HIV precisam ser intensificados. Os dados da região mostram que muitas pessoas afetadas pelo HIV na África Ocidental e na África Central vivem em torno de áreas urbanas e que entre as pessoas mais vulneráveis à infecção pelo HIV estão homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo e pessoas que usam drogas injetáveis.

“O mundo só vai conseguir acabar com a epidemia de AIDS até 2030 se a aplicação dos recursos for feita de forma inteligente e focada, identificando as pessoas e lugares mais necessitados”, disse o Diretor-Executivo Adjunto do UNAIDS, Luiz Loures. “Nós temos que alcançar as pessoas afetadas pelo HIV onde quer que estejam e quem quer que sejam elas, inclusive as que vivem na África Ocidental e na África Central.”

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UNAIDS está ajudando os países da África Ocidental e da África Central a construir as bases para uma melhor cobertura dos serviços para que as necessidades sejam atendidas. O UNAIDS também está trabalhando com os países para a adoção da abordagem de Aceleração da Resposta (Fast-Track) ao longo dos próximos cinco anos com o objetivo de  acabar com a epidemia da AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030.

A abordagem de Aceleração da Resposta inclui alcançar a meta de tratamento 90-90-90 até 2020: que 90% das pessoas que vivem com HIV estejam diagnosticadas; que 90% destas pessoas diagnosticadas soropositivas tenham acesso ao tratamento antirretroviral; e que 90% destas pessoas em tratamento estejam com a carga viral indetectável. Outros alvos da Aceleração da Resposta incluem zero nova infecção entre crianças e 90% das mulheres e homens, especialmente os jovens e as pessoas que vivem em ambientes de alta prevalência, com acesso à prevenção combinada do HIV e aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.

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Para atingir estes objetivos, é essencial uma abordagem baseada em direitos e capaz de atingir todas as pessoas em necessidade, para que possamos superar principalmente as barreiras do estigma e da discriminação, que continuam a impedir as pessoas de acessar os serviços de HIV. A solidariedade global e a responsabilidade compartilhada também serão fundamentais para respondermos aos desafios específicos enfrentados na África Ocidental e na África Central e para garantirmos que ninguém seja deixado para trás.

“O fechamento desta lacuna de tratamento na África Ocidental e na África Central vai acontecer agora ou nunca”, disse Mit Philips, Assessor de Política de Saúde na MSF. “Mas não é realista pensar que eles [estes países] podem sozinhos quebrar esse status quo mortal.”

Foto de destaque: Mads Nissen/MSF

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